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PMEs: Digitalização e automatização são questões de sobrevivência

A pandemia alterou o funcionamento de 5,3 milhões de pequenas empresas brasileiras, o equivalente a 31% do total

Foi preciso adotar novas tecnologias para evitar prejuízos. (Germano Lüders/Exame)

Foi preciso adotar novas tecnologias para evitar prejuízos. (Germano Lüders/Exame)

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Publicado em 22 de agosto de 2021 às 13h00.

Por Bernardo Arnaud*

23 dias. Esse é o período aproximado que as pequenas empresas brasileiras conseguem ficar fechadas e, ainda assim, com dinheiro suficiente para pagar as contas, de acordo com um levantamento do Sebrae. O número preocupa, já que poucas empresas conseguem manter um caixa saudável por pelo menos um mês para suportar impactos e externalidades, como a pandemia de covid-19.

Ainda segundo o Sebrae, a pandemia alterou o funcionamento de 5,3 milhões de pequenas empresas brasileiras, o equivalente a 31% do total. O número sobe para 10,1 milhões se olharmos para as que tiveram que interromper suas atividades temporariamente. Em 2020, vários comércios e pequenos estabelecimentos se viram obrigados a fechar as portas — muitas vezes, para sempre, por não terem tido meios para se manter.

No susto, muitos pequenos e médios empresários tiveram que mudar seus modelos de atuação. A transformação digital, que impactou grandes empresas nos últimos anos, bateu na porta das micros, pequenas e médias empresas.

Um estudo da Capterra e da Gartner indicou que 43% das companhias com até 250 colaboradores adotaram novas tecnologias para viabilizar o trabalho à distância e tentar evitar prejuízos. Temos acompanhado um movimento de digitalização intenso, não somente na comunicação, como também nos processos internos e de controle. Um bom exemplo disso são as finanças empresariais, passando por maior controle de estoques e de fluxo de caixa.

É comum (ainda) que MPMEs façam a gestão financeira e de estoque manualmente. O próprio Sebrae estima que 43% das MPMEs fazem o controle financeiro em papel. E modelos manuais aumentam a margem de erro. Digitalizar a gestão financeira é, portanto, imprescindível para conseguir controlar melhor os gastos e evitar que situações como a pandemia tenham impactos irreversíveis nos negócios, num primeiro passo de tentativa de prevenção de perdas.

Essa digitalização da gestão financeira, de estoques e de vendas permite que os empreendedores tenham visibilidade de tudo que entra e sai do caixa de forma semi-automática ou automática — com grande redução de possíveis erros. É essa visão que permite projetar os mais diferentes cenários e, por consequência, preparar os negócios e tentar ajustar o fluxo de caixa para que eles se concretizem.

Estimativas apontam que as MPMEs gastam em média 15 horas por semana desempenhando tarefas administrativo-financeiras. Quanto mais informal e menos automatizado, maior é esse tempo, que pode muito bem ser reduzido, com ganhos visíveis de produtividade. Plataformas que unifiquem agregação de dados, automatização de processos bancários, de contas a pagar e a receber, além de preparo de relatórios de estoque, de vendas e fiscais, saem na frente nessa corrida da transformação digital das empresas no mundo.

Uma empresa é considerada financeiramente saudável quando consegue equilibrar despesas e receitas, acumular reservas, gerenciar dívidas, planejar e priorizar gastos, além de administrar e se recuperar de choques de mercado. Para isso, quanto mais centralizado essa empresa tiver os seus processos operacionais e gerenciais, maior escalabilidade e maior velocidade de reação ela terá para ajustar o curso de sua atuação.

Plataformas de gestão financeira que entendam isso e que busquem ajudar os empreendedores em sua jornada, e não somente os contadores — que não administram e nem gerenciam as empresas de seus clientes — terão lugar proeminente no cotidiano dos empresários como apoio para lidar com a instabilidade econômica.

A transformação digital, aliada à nova geração de plataformas de gestão operacional-financeira, veio para ficar. Num futuro próximo, ajudarão os empresários a gerir suas operações e comércios por meio de inteligência artificial, machine learning e comandos de voz, como se fossem um assistente virtual.

Além de sugerir ações administrativas e comerciais para o crescimento e expansão dessas empresas, com respeito aos aspectos de meio ambiente, sociais e de governança, sigla ESG, em inglês.

Ficção científica? Não. Já existem iniciativas em startups brasileiras em todos esses sentidos, sendo que 2021 mostrará novos campeões de tecnologia ao mercado. Quem se concentrar em melhorar e automatizar a jornada do empreendedor, seu acesso ao crédito, seu compliance e suas vendas, sairá na frente. E ajudará diretamente na recuperação da economia brasileira, aumentando as chances de sobrevivência de seus clientes.

*Bernardo Arnaud é CTO da fintech OSeuGestor

 

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