Pesquisa foi encomendada pela encomendada pela Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR) (Rattankun Thongbun/Getty Images)
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Publicado em 24 de junho de 2024 às 10h41.
De acordo com uma pesquisa do PoderData encomendada pela Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (ABIR), 73% dos brasileiros acreditam que a reforma tributária não deve aumentar o imposto sobre bebidas açucaradas – um acréscimo de 4 pontos percentuais em relação à pesquisa sobre o mesmo tema realizada em 2021, quando 69% eram contra a medida. O levantamento foi realizado entre 21 e 24 de maio de 2024 junto a 2.500 pessoas de 187 cidades das 27 unidades da Federação.
A pesquisa também revelou que 66% acreditam que o consumo de bebidas açucaradas não é o principal responsável pelo aumento de peso da população brasileira. Além disso, 61% acham que o aumento de imposto sobre essas bebidas não contribuirá para diminuir a obesidade no Brasil.
Para Victor Bicca, presidente da Abir, o imposto seletivo sobre bebidas açucaradas é discriminatório. “Somente 21% de todo açúcar que o brasileiro consome vêm de produtos industrializados. O consumo de refrigerantes com açúcar no Brasil caiu cerca de 50% nos últimos 17 anos, com a troca por refrigerantes zero. Apoiamos a reforma tributária. Ela vem para criar previsibilidade e segurança jurídica, mas o imposto seletivo para bebidas açucaradas vai na direção contrária disso”, afirma Bicca.
Ele acrescenta que o setor tem trabalhado na redução do açúcar na totalidade dos seus produtos. A média do teor deste nutriente encontrada nos refrigerantes está em 6,62 g/100ml, o que representa um valor 37,55% menor do que a meta pactuada (10,6 g/100 ml), segundo relatório da Anvisa divulgado em março deste ano.
Quando perguntados se é legítimo o governo aumentar impostos para encarecer produtos, e com isto diminuir o consumo de determinado tipo de produto, 65% dos entrevistados afirmaram que não – 3 pontos percentuais acima do apurado na edição anterior, de 2020. Se esse produto for o refrigerante, 62% permanecem discordando da taxação. Para 90% da população, já se paga muito imposto no Brasil e 93% acreditam que pagam mais com imposto do que deveriam.
Aumentar impostos não resolve o problema das doenças crônicas não transmissíveis, acreditam os entrevistados. O estudo indicou que 77% das pessoas acreditam que o governo deve informar mais a população para que façam escolhas alimentares conscientes.
O presidente da Abir reforça que, se o objetivo do governo é abordar efetivamente o problema da obesidade, não deveria se concentrar em penalizar um único ingrediente de um produto que é consumido por brasileiros de todas as classes sociais. Para ele, essa medida vai na contramão das tendências de tributação internacional.
Segundo estatísticas do Ministério da Saúde, a frequência do consumo de bebidas açucaradas registrou uma queda de 51,8%, enquanto a taxa de obesidade teve um aumento significativo de mais de 105% nos últimos 17 anos.
“Os fatores que resultam na obesidade são diversos e dependem de muitas variáveis e situações específicas. Não será aumentando imposto que as pessoas vão diminuir o consumo. Evidências internacionais apontam para soluções mais integradas e multidimensionais no combate à obesidade. Estas mudanças contemplam informação e hábitos envolvendo a alimentação, a rotina de trabalho, a adoção de práticas esportivas para o gasto calórico, além de cuidados diversos com a saúde, incluindo a saúde mental”, pondera Bicca.
Ele cita o exemplo do México, que fracassou na tentativa de reduzir a obesidade através da sobretaxação de refrigerantes. Lá, o imposto sobre bebidas adoçadas foi elevado de 17% para 28% em 2014. Contudo, em 2022, o consumo de refrigerantes aumentou em 33% e a taxa de obesidade subiu de 72,5% em 2014 para 74,10% em 2020, segundo a OCDE.
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