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O que explica o crescimento de Bolsonaro nas pesquisas eleitorais

Há três indicadores presentes em pesquisas divulgadas essa semana que precisam de atenção antes da realização de prognósticos sobre as eleições

Bolsonaro cresce com a saída de Sérgio Moro porque ambos já possuíam uma intersecção de eleitores significativa (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Bolsonaro cresce com a saída de Sérgio Moro porque ambos já possuíam uma intersecção de eleitores significativa (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

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Publicado em 8 de abril de 2022 às 13h26.

Por André Jácomo*

Nesta semana, dois Institutos de Pesquisa divulgaram seus resultados sobre o atual cenário da corrida eleitoral: na quarta-feira, 6, foi a vez da pesquisa XP/Ipespe e na quinta-feira, 7, a pesquisa Genial/Quaest. De maneira geral, ambas as pesquisas apontaram para o mesmo resultado: o crescimento de Jair Bolsonaro nas intenções de voto. Em sequência, as pesquisas mostraram que o atual Presidente cresceu 4 e 5 pontos percentuais em cada mensuração, respectivamente.

Na sequência da divulgação, muitos observadores do jogo político especulam sobre a possibilidade de crescimento ascendente de Jair Bolsonaro nas pesquisas e a consequente diminuição da sua diferença para Lula ser uma constante até às vésperas das eleições.

No entanto, há três indicadores presentes em ambas as pesquisas divulgadas essa semana que precisam ser olhados com cuidado antes da realização de prognósticos sobre as eleições presidenciais de outubro: (a) a saída de Sérgio Moro da disputa, (b) o potencial e rejeição dos principais candidatos e (c) a disputa de segundo turno.

As pesquisas XP/Ipespe e Genial/Quaest da semana foram as que primeiro testaram o cenário sem Sérgio Moro na lista estimulada dos candidatos. Na ausência do ex-Juiz Federal da disputa, Bolsonaro é o maior beneficiado. Por exemplo, há quinze dias a pesquisa XP/Ipespe mensurou Moro com 9% das intenções de voto. Nessa rodada, sem seu nome, Bolsonaro cresce 4pp, Ciro Gomes ganha 2pp e os indecisos sobem 3pp. Ou seja, Bolsonaro cresce com a saída de Sérgio Moro porque ambos já possuíam uma intersecção de eleitores significativa.

Em segundo lugar, o potencial e a rejeição de Jair Bolsonaro se mantêm estáveis em ambas as pesquisas. Na realidade, tanto o percentual de eleitores que cogita votar em Bolsonaro quanto o percentual que não votaria de jeito nenhum no presidente é praticamente estável desde setembro do ano passado, com variações dentro da margem de erro. A estabilidade nas curvas de potencial de voto e rejeição, mesmo com intenção de voto ascendente, é um sinal que Bolsonaro ganhou eleitores que já cogitaram votar anteriormente em seu nome.

Por fim, vale a pena olhar com atenção também para a estabilidade dos resultados do eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro. Também salvo leves oscilações nas séries históricas, os números de ambos os candidatos são praticamente os mesmos desde julho do ano passado.

Na pesquisa Genial/Quaest, Lula agora possui 55% das intenções de voto contra 34% de Jair Bolsonaro. Em julho, os dois candidatos tinham 54% e 33%, respectivamente. No caso de crescimento nas intenções de voto no primeiro turno, o esperado sempre é o crescimento também no segundo turno, uma vez que são informações correlacionadas.

Assim, com a leitura de ambas as pesquisas, é bem possível observar que o crescimento do presidente da República se deu pela conquista de velhos novos eleitores, aliados pela rejeição de Lula e pelo antipetismo que formam a intersecção de votos de Moro e Jair Bolsonaro.

*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa

Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.

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