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O futuro está no espaço: como jovens brasileiros podem liderar o mercado aeroespacial

É fundamental incentivar novas gerações a enxergar o espaço como mais do que um sonho distante, e como uma área de oportunidades tangíveis. Confira o artigo de Luciano Macaferri

Young girl dreaming of flying to space. Illustrative concept. (Marilyn Nieves/Getty Images)

Young girl dreaming of flying to space. Illustrative concept. (Marilyn Nieves/Getty Images)

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Publicado em 3 de outubro de 2024 às 07h00.

Por Luciano Macaferri*

Que criança nunca admirou as estrelas ou sonhou em ir ao espaço? Todos já pensamos em ser astronautas um dia e explorarmos a lua, outros planetas, ver o planeta Terra de longe, não é? A boa notícia é que estamos cada vez mais perto desse sonho!

A cada ano, o espaço sideral deixa de ser apenas um território de imaginação e ficção científica e se transforma em uma nova fronteira de oportunidades concretas para o desenvolvimento tecnológico e econômico. 

No Brasil, o setor aeroespacial ainda é visto por muitos como um campo distante e reservado a poucos. No entanto, as crianças e adolescentes de hoje têm a chance de vivenciar uma revolução que poderá mudar radicalmente o cenário econômico e profissional nas próximas décadas. E, à medida que celebramos a Semana Mundial do Espaço, de 4 a 10 de outubro e o Dia das Crianças, no dia 12, devemos nos perguntar: como e por que podemos despertar o interesse dessa nova geração para as imensas oportunidades que o universo nos reserva? É hora de sair dos livros e séries para transformar a imaginação em realidade.

O mercado aeroespacial global está em rápida expansão, com avanços em áreas como a desenvolvimento, lançamento e manutenção de satélites, exploração espacial e tecnologias relacionadas à ciência e comunicação. Empresas privadas têm ampliado suas atividades, e países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, estão entrando nessa corrida. As oportunidades de novos negócios e o crescimento profissional nessa área são vastos, e a formação de jovens talentos é crucial para que o Brasil acompanhe essa transformação.

Educação e curiosidade: a base para novos conhecimentos

A exploração espacial sempre fascinou a humanidade, mas agora temos ferramentas e conhecimento para ir além da curiosidade. As crianças de hoje serão os futuros técnicos, engenheiros, cientistas, programadores, astronautas e empreendedores do setor aeroespacial. No Brasil, com iniciativas já presentes em instituições de ensino e projetos de robótica e ciências, é possível estimular a mente curiosa das novas gerações a entender como funciona o espaço e as tecnologias relacionadas. A introdução de conteúdos sobre satélites, física espacial e até mesmo a matemática envolvida em missões espaciais, pode preparar os estudantes para as demandas desse mercado em crescimento.

Além disso, a educação focada em ciências exatas e tecnologias, aliada ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais como a resolução de problemas e a criatividade, será crucial. Nesse contexto, escolas e universidades precisam intensificar seus currículos e parcerias com empresas do setor para que a teoria e a prática andem lado a lado.

Tecnologias e negócios do futuro

O uso de satélites é apenas a ponta do iceberg em termos de potencial de negócios no setor aeroespacial. Satélites desempenham papéis cruciais na comunicação global, na previsão do clima, na localização e navegação, no monitoramento ambiental e na agricultura de precisão. 

As futuras gerações poderão explorar ainda mais as possibilidades desses dispositivos, criando novos serviços e tecnologias baseados na análise de dados gerados a partir do espaço. Imagine os satélites contribuindo para a sustentabilidade ambiental ou para a melhoria da conectividade em áreas remotas, promovendo inclusão digital e novos negócios em regiões antes isoladas?

Além disso, a criação de satélites menores e mais acessíveis, conhecidos como *cubesats*, está democratizando a exploração espacial. Universidades e startups de países em desenvolvimento, como o Brasil, já começaram a explorar essa tecnologia, demonstrando que o acesso ao espaço não é mais exclusividade de grandes potências. Adolescentes e jovens empreendedores podem se beneficiar desse movimento, desenvolvendo soluções inovadoras que atendam às necessidades locais e globais, transformando desafios em oportunidades de negócios.

Além disso, com o número de satélites crescendo exponencialmente, cresce também a preocupação sobre os “lixos” espaciais, que precisam ser tratados assim como aqui na Terra. Não devemos poluir o espaço assim como não devemos poluir o nosso planeta.

Oportunidades de crescimento profissional

O mercado aeroespacial brasileiro está em crescimento, impulsionado por investimentos em satélites, centros de lançamento como Alcântara e parcerias internacionais. No entanto, ainda enfrenta desafios como a necessidade de maior investimento em inovação, infraestrutura e formação de profissionais especializados para competir globalmente.

Para que o Brasil se posicione como um ator relevante no mercado aeroespacial, é fundamental investir no desenvolvimento de novas gerações de profissionais. Isso significa não apenas formar engenheiros e cientistas, mas também gestores, estrategistas e advogados especializados em temas como regulamentação do espaço, segurança cibernética e sustentabilidade. Há uma crescente demanda por profissionais que entendam os aspectos técnicos, mas também os impactos sociais e econômicos da exploração espacial.

Empresas líderes em tecnologia têm desempenhado um papel essencial ao colaborar com instituições de ensino e governos na criação de programas de capacitação e fomento à inovação. O Brasil tem um vasto potencial para explorar esse setor, mas precisa contar com profissionais qualificados, com visão global e pensamento estratégico.

Como engajar crianças e adolescentes no setor aeroespacial?

É fundamental que incentivemos as novas gerações a enxergar o espaço como mais do que um sonho distante, e como uma área de oportunidades tangíveis. O setor aeroespacial oferece um campo fértil para inovação, e o Brasil precisa estar pronto para participar dessa nova corrida.

Já temos os talentos e os recursos necessários para nos destacarmos no setor aeroespacial, mas precisamos de uma nova geração de profissionais preparados para enfrentar os desafios tecnológicos e econômicos do futuro. Investir em educação, inovação e no desenvolvimento de competências será essencial para garantir que o Brasil faça parte dessa nova fronteira de conhecimento e negócios.

Vamos usar eventos como a Semana Mundial do Espaço, mas sobretudo o dia a dia e as experiências escolares, para inspirar e engajar nossas crianças e  jovens, mostrando que o futuro está no espaço – e que eles têm a capacidade de liderar essa jornada.

Como diria um colega da AEB – Agência Espacial Brasileira, “há muito espaço para trabalharmos”

*Luciano Macaferri é vice-presidente da Thales para a América Latina e Diretor Geral da Thales para o Brasil.

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