Nem soft nem hard: power skills são o novo poder de aprender a aprender
O saber puramente cartesiano não dá mais conta de todas as habilidades exigidas pelas organizações modernas
Bússola
Publicado em 14 de outubro de 2022 às 18h15.
Última atualização em 14 de outubro de 2022 às 18h33.
Você já ouviu falar em power skills?
Não é nada incomum nos depararmos com os termos hard skills (competências técnicas) e soft skills (competências comportamentais) quando o assunto é a nossa vida profissional. As power skills são, justamente, a junção desses dois conceitos.
Na pesquisa Workplace Learning Trends, de 2022, a Udemy Business cunha o termo power skills para descrever características anteriormente conhecidas como soft, elevando-as à categoria de habilidades necessárias para o sucesso em qualquer nível dentro de uma organização. Seja em uma entrevista para uma nova vaga, seja no cotidiano da empresa ou em qualquer orientação sobre como se preparar para o futuro do trabalho, hard skills e soft skills se tornaram mais um dos termos em inglês que passaram a povoar o universo corporativo.
Mas, por que separamos essas habilidades? Para além de hard ou soft, é tempo de repensar de que forma podemos focar em um caminho que integre habilidades e que enxergue a pessoa, o colaborador, em sua totalidade. E mais, como aprendemos a aprender, para que essas skills continuem sendo constantemente desenvolvidas?
Um tipo ou outro de skill não irá dar conta de lidar com a complexidade dos problemas e desafios que se apresentam. E o futuro do trabalho já sabe disso.
Instituída no século 19 com a formação das universidades modernas e desenvolvida no século 20 com o impulso dado à pesquisa científica, a organização disciplinar dos saberes se estabelece na tradição cartesiana. Nesse sentido, descontextualiza o estudo dos objetos, fragmenta o conhecimento, separa os problemas e reduz o complexo em uma simples busca por objetividade.
Ainda hoje, tal sistema de ensino mantém sua hegemonia nas instituições escolares e segue espalhando sua estrutura para graduações e formações posteriores. A educação corporativa não foge à regra. Mas essa organização costuma priorizar a intelectualidade abstrata e distante da vida, e atua de modo a controlar os saberes considerados mais úteis à produtividade.
Mas muito diferente do que se pensou por tantos anos, uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia descobriu que funcionários felizes são até 31% mais produtivos, três vezes mais criativos e vendem 37% mais em comparação com outros.
De acordo com um levantamento da MindTools for Business, a oportunidade de aprender e se desenvolver é o fator mais importante na felicidade do colaborador, atrás apenas da própria natureza do trabalho realizado. E o que os deixa felizes?
Em um mundo frágil, ansioso, não linear e incompreensível (do inglês, BANI: Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible ), apenas a racionalidade não será suficiente, devemos buscar alternativas que nos permitam usufruir, de modo pleno, de toda a nossa potencialidade. Nesse contexto, o aprendizado motiva e impulsiona.
*Mariana Achutti é fundadora e CEO da Sputnik
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