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Live: Mulheres buscam protagonismo no mercado de inovação, ainda 90% masculino

Lideranças femininas ainda sentem que precisam se afirmar para exercer seu papel no ambiente dominado por homens

Lideranças femininas ainda sentem que precisam se afirmar para exercer seu papel no ambiente dominado por homens (Compassionate Eye Foundation/Getty Images)

Lideranças femininas ainda sentem que precisam se afirmar para exercer seu papel no ambiente dominado por homens (Compassionate Eye Foundation/Getty Images)

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André Martins

Publicado em 10 de março de 2021 às 18h52.

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A batalha por mais equidade de gênero no mercado de trabalho, em especial nos cargos de liderança, é um tema bastante recorrente nos dias atuais, principalmente no mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher. No segmento de empreendedorismo e inovação, a desigualdade é ainda mais latente.

Dados do Female Report, do Distrito, mostraram que, no empreendedorismo tradicional, 46,2% das empresas são fundadas por mulheres. Porém, no ecossistema de inovação, o número chega apenas a 9,8%. Em outras palavras, o número de empresas com apenas fundadores homens é quase 20 vezes maior do que aquelas fundadas por mulheres.

Essa falta de representatividade é consequência de um processo histórico e estrutural que só será mudado com o apoio e o fomento de discussões que promovam a visibilidade de histórias de sucesso e superação de mulheres em cargos de liderança.

Na live realizada nesta quarta-feira (10) com Iona Szkurnik, Fundadora do Education Journey; Taeli Klaumann, CFO da Docket; Mariana Negrão, CPO da Vitalk; Thais Grinberg, Head de CMO e Customer Experience da Botmaker; e Marcela Zaidem, Head de People da Hash; com intermediação do jornalista Rafael Lisbôa, Diretor da Bússola, e Jennifer Queen, Diretora da FSB Comunicação, a discussão foi pautada nas vivências, experiências, desafios, obstáculos e oportunidades que essas lideranças femininas enfrentam diariamente no mercado de trabalho.

“Nós, mulheres, temos uma necessidade de autorização muito grande para termos o máximo de certeza de que estamos preparadas para nos expor em um mercado majoritariamente masculino”, comenta Iona Szkurnik.

“Essa questão tem origem lá atrás, quando vemos que determinadas disciplinas, principalmente as ligadas a tecnologia, ainda são pouco buscadas pelas mulheres. Isso acontece justamente porque não temos muitas referências no mercado. Olhamos para algumas cadeiras e não encontramos nenhuma mulher, logo entendemos que ela não nos pertence, mas isso está errado”, complementa.

Mariana Negrão diz que, para ser legitimada, ainda precisa iniciar o discurso dizendo ser engenheira. “Vivo em um ambiente bem mais aberto do que vivia há dez anos em grandes empresas, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.”

“O fato de ser mulher não deveria fazer com que a gente se sentisse inferior ou tivesse que provar algo para as pessoas. As startups são muito rápidas e ágeis e acredito que esse cenário vai mudar para melhor mais rapidamente do que em outras indústrias”, afirma Thais Grinberg.

Vulnerabilidade, dúvidas e necessidade de posicionamento foram questões levantadas por todas as participantes. Para Marcela Zaidem, homens e mulheres enfrentam o mercado de uma forma diferente, principalmente no setor de tecnologia.

“Um estudo do LinkedIn sobre gêneros mostrou que, quando uma mulher se candidata em uma oportunidade, ela sente a necessidade de certificar primeiramente que ela consegue cumprir 100% dos requisitos propostos. Já o homem, se ele sabe que cumpre 60%, ele já se candidata”, afirma.

Impactos das agendas de ESG

ESG é a sigla em inglês usada para se referir ao conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio. Esses três princípios têm orientado empresários e tomadores de decisão tanto na definição de estratégias das companhias quanto na avaliação de resultados. Uma das pautas dessa agenda é o fomento à diversidade e à inclusão.

Quando questionadas sobre como o ESG pode contribuir efetivamente para ampliar a participação das mulheres na liderança, e se startups fundadas por mulheres tendem a atrair mais aporte de capital, as respostas foram unânimes.

“É uma tendência, mas isso ainda não está acontecendo na prática. Precisamos começar a compartilhar casos de sucesso para ampliar a discussão sobre essa tendência e torná-la real”, comenta Iona.

Taeli reforça o posicionamento: “é necessário trazermos essa pauta para a mídia, para os níveis hierárquicos e em todos os setores para que a gente veja essa tendência se materializando. A partir do momento em que conseguimos enxergar, na prática, que times diversos trazem melhores resultados, vamos conseguir comprovar os benefícios da agenda do ESG focado em diversidade”.

Um estudo do Boston Consulting Group apontou que as mulheres possuem uma visão mais holística sobre a empresa, resultando assim em um retorno maior a longo prazo. Em complemento a isso, uma outra pesquisa, agora da McKinsey, revelou que as empresas lideradas por mulheres têm, em média, 15% a mais de lucros porque elas são mais atentas aos detalhes.

“Ainda falta fazer essa conexão entre o teórico e o prático, mas conversas como essa que estamos fazendo são muito importantes para trazermos a discussão à tona”, afirma Mariana. Thais complementa: “precisamos realmente buscar e dar oportunidades para mulheres que querem fazer parte do time, inspirar quem já faz parte e promover esses grupos de debates porque isso gera a influência necessária que muitas mulheres precisam”.

Por fim, Marcela explica que a pauta de diversidade exige muita atenção e cuidado, porque não se pode somente falar sobre o tema, é preciso que as empresas tragam ações e promovam discussões concretas sobre o assunto.

“Dentro do nosso ecossistema, as startups já nascem em um momento diferente e propício para isso, já que organicamente essa discussão é levantada por todos os lados – investidores, funcionários e clientes. Nosso papel, aqui, é mostrar que estamos ouvindo e dando a importância necessária para o tema”, finaliza.

Assista na íntegra.

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