João Kepler: 10 coisas que o investimento em startups me ensinou
Cenário no Brasil está cada vez mais aberto para investimento em startups
Bússola
Publicado em 4 de novembro de 2021 às 17h38.
Por João Kepler*
Passei muitos anos empreendendo meus próprios negócios. Na verdade nunca deixei de ser empreendedor até porque, como diz meu filho Davi Braga, empreender está no nosso DNA. A partir de 2009 comecei a estudar o modelo de investimento anjo e a investir efetivamente nos negócios de outros empreendedores. Usava os recursos gerados pelos meus outros negócios e fruto do meu trabalho como empreendedor.
Comecei, então, a usar dois chapéus, o do Empreendedor e do Investidor. Com o desenvolvimento quase que natural das coisas, fui deixando aos poucos o Empreendedor. Nada diferente da história de muitos empreendedores que viraram investidores no mundo. Aliás, acredito que essa é a ordem natural das coisas no ecossistema empreendedor.
Nos últimos anos o cenário brasileiro está cada dia mais favorável e aberto quando se trata de investimento em startups e o que não falta é informação e conteúdo útil sobre o assunto, assim como, diversos casos de sucesso e muitos outros de insucesso que servem de base e aprendizado.
Outro fator que tem contribuído muito para o desenvolvimento deste setor é o fato de que os empreendedores/investidores já perceberam que não precisa ter muito dinheiro, acumular riquezas ou muitas reservas para apostar em negócios interessantes.
O empreendedor hoje já pode experimentar livremente os sabores e os dissabores do investimento e com isso vai aprendendo a se relacionar de uma outra forma com outros investidores. Atualmente estamos vivendo o que eu chamo de democratização do investimento em startups no Brasil . O que antes era restrito para poucos investidores qualificados, hoje diversos iniciantes estão optando por esta modalidade, até mesmo os mais experientes investidores estão usando frequentemente essa ferramenta para diversificar o portfólio e sua carteira de investimentos.
Existem muitas startups despontando, gerando caixa e aparecendo com seus serviços e produtos, com negócios que estão mudando definitivamente o mindset das pessoas e do mercado. E essas, lá na frente, podem ser vendidas ou pagar dividendos muito maiores que qualquer investimento tradicional. Mas atenção, estamos falando de investimento de risco, nunca se esqueça disso!
Ao longo dos anos e com a própria experiência adquirida, entre erros e acertos, é possível elaborar e aplicar técnicas de investimento que de forma geral são capazes de direcionar seus investimentos e principalmente de minimizar as chances de perda. Listei a seguir 10 pontos que podem ajudar os empreendedores/investidores e entender como tudo isso funciona na prática:
- Investir apenas em uma ideia não é mais barato (nem mais seguro);
- Não espere que o retorno do investimento aconteça no prazo médio de dois anos, geralmente leva mais tempo;
- Um contrato amarrado com a startup não significa que você estará livre de problemas judiciais futuros;
- Seja criterioso e realista, não existem centenas de ótimos projetos à nossa disposição todo dia;
- Não se iluda e nem acredite que a startup vai saber vender e faturar sozinha, que o mercado é enorme e promissor;
- Outro equívoco comum é achar que quanto menos sócios investidores no projeto, melhor;
- O empreendedor vai querer mais do que sua mentoria;
- Infelizmente uma startup acelerada não significa necessariamente que o risco seja menor;
- Não ache que se você não tiver o dinheiro na hora do aporte, os sócios entenderão: negócio é negócio;
- Você sem dúvida irá precisar de assessoria jurídica especializada no começo.
*João Kepleré CEO da Bossa Nova Investimentos
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedIn | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também