Com a nova padronização internacional, os relatórios poderão alcançar informações completas, confiáveis e comparáveis (Hiroshi Watanabe/Getty Images)
Bússola
Publicado em 2 de novembro de 2021 às 16h30.
Por Goldwasser Neto*
Empresas ao redor do mundo emitem relatórios de sustentabilidade há décadas, e a comprovação das práticas sustentáveis é condizente às novas exigências do mercado financeiro para acesso aos empréstimos, fundos de investimento, entrada na bolsa de valores e até mesmo venture capital.
Diante da rápida ascensão do ESG, sigla para Environmental, Social and Governance, é necessário o debate e implantação de uma padronização internacional para normatizar os relatórios, que consolide desde a implantação ao monitoramento dos critérios de sustentabilidade nas organizações.
O International Sustainability Standards Board (ISSB) ou Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade, em português, deve ser oficialmente lançado até a próxima reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que acontecerá em novembro de 2021. O documento será um norteador para que as empresas profissionalizem seus relatórios financeiros e contábeis no âmbito do ESG.
O ISSB, da IFRS Foundation, é resultado de uma pesquisa realizada no ano de 2020 e finalizada em abril de 2021, com líderes financeiros ao redor do mundo.
A IFRS Foundation captou a urgência de um parâmetro único que oriente as empresas e defina os modelos de relatórios financeiros de ESG, atendendo principalmente aos mercados de capitais, e adiantaram quais são os pilares do ISSB.
Em primeiro lugar destaca-se o foco no investidor. As normas serão projetadas para fornecer informações úteis à decisão de investidores e mercados de capitais, e não para partes interessadas mais amplas (como clientes, funcionários, comunidades locais).
Clima em primeiro lugar. Dentre o escopo da sustentabilidade, o foco inicial será as divulgações relacionadas ao clima.
Ele será baseado em estruturas existentes: o ISSB usará o trabalho realizado pelas principais organizações de ESG, em particular, da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).
Terá uma abordagem em blocos. Ao trabalhar com as principais jurisdições, usando seus parâmetros, os padrões emitidos pelo novo conselho forneceriam uma linha de base de relatórios de sustentabilidade globalmente consistente e comparável. Eles também proporcionam flexibilidade para a coordenação de requisitos de relatórios que capturem impactos de sustentabilidade mais amplos.
Sendo um padrão internacional, o ISSB proporcionará a comparação entre empresas de diferentes lugares, possibilitando o avanço contínuo e a competitividade delas no mercado financeiro global.
Enquanto aguardamos os desdobramentos das normas internacionais, as empresas brasileiras têm a opção do Relato Integrado, regulamentado pela NBC CTG 09 em 2020, para padronizar os relatórios que envolvam as questões relacionadas ao ESG.
O Relato Integrado é uma iniciativa aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), com o Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Atualmente, existe uma Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado.
A B3 disponibiliza o guia “Sustentabilidade nas Empresas: como começar, quem envolver e o que priorizar”. O material tem informações sobre diretrizes e recomendações para a gestão e a prestação de contas, critérios mínimos de listagem e boas práticas para o acesso das empresas aos segmentos ESG na bolsa de valores do Brasil.
Com a nova padronização internacional, os relatórios poderão alcançar informações completas, confiáveis, comparáveis globalmente e que demonstram discursos que caminham com práticas. O mercado de capitais exige transparência e conformidade das instituições que pretendem seguir os critérios ESG.
*Goldwasser Neto é cofundador e CEO da fintech Accountfy, plataforma SaaS para gestão de performance corporativa
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