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Fraudes financeiras contra idosos: o papel dos bancos para evitar o crime

Até mesmo idosos que possuem um bom conhecimento sobre tecnologia podem se tornar vítimas de fraudes.

Os fraudadores estão desenvolvendo golpes financeiros cada vez mais elaborados (Truora/Divulgação)

Os fraudadores estão desenvolvendo golpes financeiros cada vez mais elaborados (Truora/Divulgação)

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Publicado em 20 de maio de 2022 às 19h50.

Por Eduardo Linhares* 

Os fraudadores estão desenvolvendo golpes financeiros cada vez mais elaborados. Embora todos estejam sujeitos a esse tipo de situação, infelizmente, os idosos acabam se tornando os alvos mais atraentes para esses criminosos. Isso devido a uma maior vulnerabilidade e, geralmente, a falta de conhecimento sobre tecnologia, quando na maioria das vezes, estes golpes acabam sendo aplicados por meios virtuais (aplicativos, mensagens SMS, ligações, etc). 

Dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), mostram que desde o início da pandemia do novo coronavírus as tentativas de golpes financeiros contra idosos aumentaram cerca de 60%. A maior parte dessas ações incluiu o pedido para que os correntistas mais velhos forneçam informações pessoais, como senhas, números de previdência social e outros dados confidenciais. 70% das fraudes estão relacionadas a essas tentativas.  

Os idosos visados por esses golpes acumulam economias financeiras ao longo de suas vidas, detêm ativos valiosos, e possuem um crédito forte. Em outras palavras, eles têm dinheiro e recursos à sua disposição. Além disso, os fraudadores procuram atacar alvos que eles acreditam serem ingênuos e que confiam em pessoas agradáveis. Mas ressalto que, até mesmo os idosos que possuem um bom conhecimento sobre tecnologia podem se tornar vítimas de fraudes. 

Os fraudadores agem de maneira gentil, mostrando simpatia e tentando ser prestativos, fingindo querer ajudar. Eles telefonam para o idoso se passando por um representante do banco e pedindo para confirmar informações como números de CPF, números de telefone celular, conta bancária e muito mais. E ainda, os golpistas também podem instruir a pessoa a aprovar uma transferência. Os criminosos possuem uma ampla lista de táticas para roubar o dinheiro dos idosos, dentre os golpes, quero citar os mais comuns, onde os fraudadores mais fazem vítimas: golpe do romance, suporte técnico, golpes dos avós, golpes de caridade e do cuidador, a falsificação de identidade do governo, além do famoso phishing. 

Há algumas dicas simples, como não sacar dinheiro em caixa eletrônico nos finais de semana, nunca passar dados pessoais por telefone, recusar ajuda de estranhos e não compartilhar dados pessoais são fundamentais para evitar ser vítima de fraudes. Mas quero trazer aqui alguns pontos sobre como as instituições financeiras podem agir para evitar fraudes com idosos: 

  • Comunicar e educar os seus correntistas sobre a ameaça de fraude é uma obrigação dos bancos. As instituições financeiras devem explicar os diferentes tipos de fraudes que visam idosos e suas famílias, e oferecer conselhos sobre como evitá-los. Também devem encorajar seus clientes a revisar seus extratos bancários e de cartão de crédito regularmente para procurar transações desconhecidas e relatá-las imediatamente;[Quebra da Disposição de Texto] 
  • Os bancos também devem analisar proativamente o comportamento fora do normal dos seus correntistas. Por exemplo, um correntista de 80 anos, que tradicionalmente faz transações por telefone ou pessoalmente, de um dia para o outro comece a fazer transações digitais. As instituições financeiras não devem permitir que esse cliente faça transações de grande valor no mesmo dia em que começou a usar serviços digitais. Observar esses tipos de bandeiras vermelhas ajudará os bancos a manter cada vez mais seus clientes seguros;[Quebra da Disposição de Texto] 
  • As instituições também precisam atualizar seus processos internos de orientação para responder a comportamentos suspeitos. Se um cliente existente fizer transferências para várias contas (principalmente contas desconhecidas), os bancos podem intervir se suspeitarem que estão caindo em uma fraude autorizada de pagamento por push ou em um golpe romântico. Os processos internos do banco devem demonstrar como conquistaram a confiança de seus clientes;[Quebra da Disposição de Texto] 
  • Treinar as equipes para estarem vigilantes é outro ponto. Se os clientes são a primeira linha de defesa dos bancos e instituições financeiras contra fraude, os funcionários são os próximos na fila. Há agências reguladoras que exigem que os bancos tenham políticas adaptadas às necessidades dos clientes idosos. As instituições financeiras devem treinar suas equipes para procurar padrões suspeitos para proteger seus clientes de golpes. Os bancos podem desenvolver scripts para abordar os clientes diretamente e explicar por que eles acham que um fraudador pode estar enganando-os. 

Claro, essas são apenas algumas medidas de proteção que podem ajudar a evitar situações financeiras desagradáveis. De acordo com a Febraban, os bancos brasileiros também estão investindo R$ 2 milhões por ano em segurança para seus clientes, mas mesmo com esse investimento em ação,  as pessoas ainda estão sujeitas a sofrer fraudes financeiras, por isso é importante que os bancos tomem medidas mais agressivas e cuidados extra para proteger seus clientes idosos. 

*Eduardo Linhares é diretor geral da Feedzai no Brasil 

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