Empresas fortemente dedicadas à inovação no evento indicam a forte presença da inteligência artificial para as vendas do varejo (//Reprodução)
Bússola
Publicado em 28 de janeiro de 2022 às 15h48.
Última atualização em 28 de janeiro de 2022 às 15h55.
Por Eduardo Yamashita*
Como ocorre todos os anos em Nova York, a edição 2022 do Retail Big Show, conhecido aqui no Brasil como NRF, trouxe mais uma vez diversos insights relevantes para as empresas que atuam no varejo em todo o mundo.
As discussões no maior evento global do setor de varejo giraram em torno das transformações na sociedade, no ambiente de consumo e no cenário de empresas no mundo pós-pandemia.
Tive a oportunidade de assistir a diversos painéis com a participação de grandes nomes do varejo mundial e identifiquei quatro principais tendências que vão ser determinantes para o setor ao longo deste ano.
Vamos analisar cada uma delas:
O varejo de consumo está reagindo perante à mudança no comportamento do consumidor, que se tornou progressivamente mais digital como consequência da pandemia, o que se refletiu em todo o mercado americano e em seus paralelos, como o brasileiro. A adoção cada vez mais intensiva de inteligência artificial (IA) para reter consumidores e melhorar processos internos é uma grande tendência para os próximos anos.
Praticamente todas as empresas fortemente dedicadas à inovação no evento, poderia dizer cerca de 80% a 90%, indicam a forte presença da inteligência artificial para as vendas do varejo.
O avanço desta tecnologia se acelerou nos últimos anos e promete dominar a oferta de produtos e serviços para o setor, seja com objetivo de aprimorar a parte de front-end com o cliente ou para tornar mais eficientes as operações da empresa da porta para dentro. No futuro, tudo o que será feito de produto ou serviço terá essa tecnologia por trás, seja para melhorar a parte de front-end com o cliente ou para otimizar as próprias operações internas — o que também traz impacto no treinamento de funcionários para lidar com essa nova realidade.
Entre os temas abordados no evento, ESG e DE&I, que envolvem o papel da diversidade e a comunicação entre lideranças e liderados, foram amplamente discutidos por quase todos os executivos presentes na NRF.
As apresentações realizadas no encontro mostraram claramente o papel central das lideranças como propulsoras das melhores decisões e da evolução potencial dos profissionais dentro da organização. Estamos falando aqui tanto de mulheres, homens, população LGBTQIA+, minorias étnicas ou de outra natureza. O que importa é a atitude para transformação de negócios.
Todo mundo sabe que empresas são formadas para gerar resultado que, no entanto, só consegue ser atingido caso as pessoas estejam felizes, comprometidas e envolvidas. Não podemos nunca perder de vista a noção de que cada pessoa é única e que é necessário respeitar cada uma e entender o que é melhor para elas. Esta é a maneira mais rápida de produzir mudanças que tragam bons frutos.
Como a experiência do consumidor é um dos principais fatores na decisão final de compra, muitas empresas alinham seus objetivos em busca de derrubar de uma vez as fronteiras entre online e offline.
O desafio passa a ser como ativar o consumidor para conseguir entregar uma experiência de marca com qualidade, independentemente do canal ao qual ele recorreu no momento de necessidade. O consumidor espera sempre o mesmo tratamento quando entra em contato com a marca.
Diante de toda uma nova conjuntura de mercado, da mudança de comportamento do consumidor e da postura dos colaboradores, muitas discussões travadas na NRF tornaram evidente a relevância de um líder com capacidade para reter e desenvolver talentos. A nova forma de liderar coloca este profissional na posição de mentor, que desenvolve a sua equipe e não apenas indica o caminho.
Estamos saindo de dois anos em que muitos profissionais ficaram meses trabalhando em home office ou no modelo híbrido, provocando mudanças tanto no estilo de vida do colaborador como no do consumidor. Não é à toa que a NRF estava cheia de líderes com discurso mais humanizado e dispostos a ser mais flexíveis.
Vamos lembrar que o movimento de progressão para o regime híbrido de trabalho nos EUA, realizado em grande parte na metade de 2021, deparou-se com um fenômeno inesperado. As pessoas não queriam mais ficar sujeitas a um modelo rígido e houve muitos pedidos de demissão quando as lideranças das empresas se mostraram resistentes a ceder.
Com o objetivo de compartilhar conhecimento e aproximar o público nacional destas discussões, a Gouvêa Ecosystems vai realizar no dia 1º de fevereiro o Interactive Retail Trends, evento “figital” (presencial e virtual) que será realizado em São Paulo, no Teatro Santander, e online para quem deseja ver ou rever o que aconteceu de mais importante em Nova York.
Entre os palestrantes confirmados estão expoentes do setor de varejo como Abilio Diniz (presidente do conselho de administração da Península Participações e membro do conselho de administração do Carrefour Global), Luiza Trajano (presidente do conselho de administração do Magazine Luiza), Marcelo Tripoli (fundador e CEO do Zmes), Regiane Relva Romano (diretora de Cidades Inteligentes da Facens), além dos especialistas da Gouvêa.
Esse é um momento muito particular da economia em todo o mundo e quanto mais debates e troca de ideias ocorrerem, maior a chance de aperfeiçoarmos os processos e caminhos do setor.
*Eduardo Yamashita é diretor de operações da Gouvêa Ecosystem
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