Drogaria São Paulo (Divulgação/Divulgação)
Isabela Rovaroto
Publicado em 19 de março de 2021 às 11h41.
Última atualização em 19 de março de 2021 às 12h39.
Com o cenário da pandemia de covid-19 se agravando no país, a iniciativa privada se mobiliza para tentar encontrar alternativas que facilitem o acesso da população à vacina. Grandes redes de farmácia, por exemplo, começam a se unir às campanhas de vacinação de Estados e municípios contra a Covid-19.
Pesquisa recente publicada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) revela que, para 81% dos brasileiros, a vacinação no país é lenta e reflete falta de planejamento do governo.
Em São Paulo, uma parceria entre a Drogaria São Paulo e a prefeitura vai disponibilizar 14 pontos de vacinação gratuita em farmácias em diferentes locais da capital, inicialmente para idosos entre 72 e 74 anos, faixa etária que começa a ser vacinada nesta sexta-feira (19).
O número de pontos deve se ampliar conforme foram disponibilizados novos lotes de vacinas, para as próximas etapas de imunização, incluindo novas faixas etárias de acordo com os grupos prioritários estabelecidos nos planos de imunização do governo.
“O momento agora é de pensar no coletivo, colocando a saúde e o bem-estar das pessoas em primeiro lugar. Nosso objetivo é ampliar essa parceria e, para isso, colocamos nossas redes 100% à disposição do governo e demais estados conforme o plano de imunização avançar”, diz Marcelo Doll, presidente do Grupo DPSP, fusão das Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo, em entrevista à Bússola.
O grupo deve focar, em 2021, na ampliação da área de soluções de saúde, com serviços de imunização e diagnóstico, incluindo exames rápidos, testes genéticos e vacinas, entre outros serviços.
Segundo Doll, a empresa também passou a disponibilizar, em mais de 160 lojas de ambas as redes do grupo no país, um teste de checagem de soroconversão (produção de anticorpos) capaz de identificar a qualidade da resposta imunológica à vacina da covid-19.
Confira outros trechos da entrevista.
Bússola: Como surgiu a ideia de disponibilizar lojas da rede como pontos de vacinação? Esse movimento ficará restrito à cidade de São Paulo?
Marcelo Doll: Temos uma enorme capilaridade no país, com mais de 1.300 lojas, e sempre acreditamos no papel da farmácia como essencial no ecossistema de saúde.
Já temos parcerias consolidadas com as secretarias estaduais e municipais no apoio à imunização de outras doenças pela nossa rede, já que as farmácias são locais de fácil acesso às pessoas.
Nosso desejo é que esse movimento seja expandido para outras regiões do país e agregue também mais redes de farmácias, outras frentes da iniciativa privada. Estamos totalmente disponíveis para apoiar o acesso à vacinação, criando condições de preparar melhor a rede de distribuição e, consequentemente, aumentar a velocidade da imunização à população brasileira.
Bússola: As farmácias têm tido um papel importante como facilitadoras do acesso a serviços básicos de saúde. O que vocês têm feito nessa frente?
Marcelo Doll: Em nosso plano de saúde e bem-estar, o papel dos serviços farmacêuticos ganha cada vez mais importância, tendo a imunização como nosso pilar estratégico.
Desde antes da pandemia já vínhamos apostando na prestação de serviços de prevenção, pensando na jornada contínua do cliente conosco.
A pandemia acabou colocando em pauta a importância do autocuidado, da prevenção, de se manter os tratamentos contínuos para doenças crônicas e acelerou essa percepção de valor do consumidor sobre o papel da farmácia, que será cada vez mais essencial na saúde pública. E a gente entende que esse é o nosso lugar.
Estamos investindo em salas especiais de serviços com o potencial de aplicar mais de 20 mil doses de vacinas neste ano – gripe, febre amarela, HPV, entre outras –, com foco na conscientização do adulto para a importância de manter a carteira de vacinação em dia.
Além disso, queremos dar continuidade às parcerias com instituições para fazer esse tipo de serviço chegar a quem mais precisa, como as ações de mutirão que fizemos em 2020 com apoio da Rede das Marés e da Cruz Vermelha de São Paulo, mobilizando as comunidades para a imunização gratuita com a vacina tetravalente da gripe, para citar um exemplo.
Também estamos implementando em nossas lojas outras testagens rápidas para doenças como dengue, zika/chikungunya, teste da bochechinha (capaz de identificar na primeira infância até 320 doenças evitáveis ou tratáveis se rastreadas precocemente) e outros exames genéticos.
A farmácia é um ponto de contato mais frequente, portanto, tem um papel essencial nessa conscientização. É ir além da venda de remédios, tornando a farmácia um local de cuidados, prevenção de saúde e bem-estar.
Bússola: O processo de digitalização é uma realidade para a maioria das empresas, potencializado principalmente pela pandemia. Qual o futuro do varejo farmacêutico? Ele deve caminhar, no Brasil, para o modelo one stop shop já consolidado em outros mercados, como nos Estados Unidos?
Marcelo Doll: Vivemos sem dúvida uma pandemia digital, que acelerou muita coisa. Nós mesmos antecipamos em três anos nossas metas de participação em vendas para o canal digital, que já representa atualmente 7% do negócio.
Colocamos no ar nossa plataforma de prescrição eletrônica em uma semana no ano passado, no auge da primeira onda da pandemia.
Desde então, dispensamos mais de 80 mil receitas pelo método digital. Também lançamos recentemente nosso Portal de Serviços Farmacêuticos, onde é possível enviar receita digital, fazer agendamentos de testes e vacinas e demais serviços farmacêuticos, além de acessar com descontos exclusivos aos clientes do nosso programa de relacionamento, Viva Saúde, consultas com especialistas, apoio psicológico e assistência médica/clínica geral por meio da telemedicina.
Mas não é só isso. Quando o cliente muda o seu comportamento, precisamos ser ágeis para traduzir essa mudança no serviço.
Costumamos dizer que a conveniência vem antes da digitalização.
Nosso país tem dimensões continentais e comportamentos muito diferentes em cada localidade. Ter um sólido conhecimento do nosso consumidor nos ajuda muito a pensar em inovação para esse cliente.
Na pandemia percebemos que inovar era também criar novas formas de atender de maneira mais próxima e personalizada, tão simples quanto criar um delivery pelo Whatsapp e entregar aqueles itens mais essenciais de forma expressa na vizinhança – canal que já atingiu, em pouco tempo, 3% das nossas vendas.
Por isso, não posso abrir mão da relação olho no olho com nossos farmacêuticos e balconistas, que o cliente valoriza muito. A tecnologia ajuda a automatizar uma série de processos para que possamos focar na relação humana e mais próxima do cliente, em qualquer que seja o canal, físico ou digital.
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