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Dinheiro é sempre bem-vindo? Como saber a hora para receber um investimento

Primeiro aporte da empresa veio após 16 anos de trajetória da Way2, no final de 2021

Empresas: Crescimento do faturamento veio acompanhado de aumento no time (Getty Images/Getty Images)
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Bússola

Publicado em 14 de junho de 2022 às 17h52.

Ao longo de toda minha carreira como empreendedor eu mantenho um hábito que é o de começar o ano me perguntando: “se eu tivesse dinheiro infinito, o que eu faria pela minha empresa?”. Planejar o crescimento e entender quais as possibilidades de expansão são práticas essenciais quando se está à frente de um negócio.  Pode parecer loucura, mas não é sempre que o dinheiro é bem-vindo. A análise do mercado vem em primeiro lugar: há espaço para crescer dentro do meu setor? Este é o momento econômico mais adequado para que essa aceleração aconteça? Se essas respostas não contemplarem possibilidades reais de crescimento, o mais indicado é repensar a estratégia e aceitar que pode não ser a hora certa para receber um investimento.

No final de 2021, depois de 16 anos de trajetória da Way2, recebemos nosso primeiro aporte.  Mas já tínhamos analisado a possibilidade antes. Ao longo da nossa história, por conta de algumas características e da velocidade do setor de energia, assim como as oportunidades disponíveis, não havia muito espaço para expandir. Nossa média de crescimento era de 25% ao ano, então não fazia sentido colocar cinco vezes mais dinheiro do que nossa própria geração de caixa. Em 2014 foi a primeira vez que percebemos a possibilidade de abrir um fundo de investimento, que acabou sendo barrada logo em seguida por conta da situação econômica do país. Estávamos entrando, à época, em uma das maiores recessões da história do Brasil, e decidimos que ainda não era a hora. Identificamos que não ia ser um bom negócio naquele momento, o que mais tarde se provou uma decisão acertada.

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O cenário agora é diferente. A desregulamentação do setor elétrico está criando muitas oportunidades de crescimento para as empresas da área. O mercado, que antes era de atacado, com clientes muito grandes, que faturam milhões, agora se volta para o varejo. As distribuidoras, que foram nossos primeiros clientes, são gigantes. Logo depois começamos a trabalhar com geradoras, que também são grandes. Depois disso, passamos a ter como clientes os grandes consumidores de energia do Brasil. Nesse mundo de gigantes, não há tanto espaço para crescer. Entretanto, a abertura do mercado livre vai mudar completamente a perspectiva do setor. Pelas regras atuais, para participar do mercado livre é necessário ter carga mínima de 500 kW, volume equivalente a uma conta mensal de R$ 140 mil. São indústrias e grandes empresas, como shoppings e redes de varejo. Hoje são 70 mil unidades consumidoras aptas a migrar para o mercado livre, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Mas a dinâmica do setor elétrico está prestes a mudar, já que o Brasil tem 80 milhões de consumidores, ou seja, uma nova gama de potenciais novos clientes.

Soluções inovadoras, considerando um consumidor empoderado, que tem ainda mais controle sobre os próprios dados, devem surgir. Essa mudança fez com que começássemos a receber propostas de parceria de alguns players do mercado. Observamos a dinâmica e percebemos que, agora sim, era a hora de buscar investimento. Neste momento nosso olhar se voltou para outras questões: “com que tipo de empresa nós queremos nos envolver?” Além de uma visão para inovação que estivesse alinhada com a nossa, buscamos uma companhia com valores parecidos com os da Way2, e foi assim que decidimos pela parceria com a Auren Energia.

Em um primeiro momento pode parecer difícil, mas basta analisar alguns pontos para entender se é a hora certa para receber um investimento. Olhar para dentro da própria empresa, analisar as dificuldades internas e a trajetória trilhada até o momento é um primeiro passo. Em seguida, é imprescindível estar atento ao mercado, acompanhar as notícias publicadas, manter um bom relacionamento com outros empresários e se perguntar: Como o setor está se desenvolvendo? Quais as possibilidades de crescimento e expansão? A partir daí fica mais simples compreender se o dinheiro será bem-vindo ou se o mais prudente é esperar.

*Ricardo Grassmann, sócio-fundador e presidente do Conselho de Administração da Way2

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