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Dia da Amazônia: livro resgata língua indígena que chegou a ser considerada extinta

Publicação desenvolvida pelos anciões indígenas, linguistas, Norte Energia e secretarias de Educação é uma forma de preservar a cultura e a memória

 (Norte Energia/Divulgação)

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Publicado em 5 de setembro de 2024 às 07h00.

Neste 5 de setembro, Dia da Amazônia, a comunidade Xipaya comemora a perpetuação do seu idioma e legado cultural com a publicação do livro “Xipai kaména da usetúpa – Sedja kaména bahu de anu – “fala dos nossos pais e das nossas mães, ancestrais Xipai”.

A gramática pedagógica do povo Xipaya é utilizada por professores indígenas para ensinar a língua mãe para alunos de escolas das aldeias Tukamã, Tukaya e Kujubim, localizadas nas Terras Indígenas Xipaya e Cachoeira Seca, em Altamira, na Amazônia.

A publicação comemora 3 anos em 2024, e é resultado do esforço conjunto entre a comunidade Xipaya, pesquisadores e a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte.

Como o livro foi escrito?

Para elaborar a gramática, em 2016 e 2017 a Norte Energia promoveu oficinas com os anciões – como se referem aos indígenas mais velhos – que ajudaram os pesquisadores a desenvolverem os fonemas e construir um dicionário com palavras e frases faladas pelo povo Xipaya. 

Os trabalhos foram conduzidos pela linguista Carmem Lúcia Rodrigues, professora da Universidade Federal do Pará e pesquisadora da língua xipaya desde 1988.

Yawaidu Xipaya, moradora da aldeia Kujubim e considerada a mais experiente das falantes fluentes da língua, foi fundamental para o resgate do idioma. 

“Hoje, nós já estamos passando para o bisneto dela, meu filho. Nós vamos nas escolas, colocamos as músicas para serem cantadas, fazemos jogos na língua para testar os conhecimentos”, diz Antônio Xipaya, neto de Yawaidu. 

Livro é importante porque o idioma quase se perdeu

Segundo Antônio, no final do século passado, a língua xipaya ficou adormecida, sendo considerada extinta por muitos. 

Existia muita discriminação, preconceito. Então tinha gente que se negava a dizer que pertencia ao grupo. Hoje nós temos nossa gramática, temos muitas histórias contadas por ela (avó), e sempre falo que, como neto, preciso trabalhar muito no fortalecimento da nossa cultura”, conta. 

O Programa de Educação Escolar Indígena e as ações da Norte Energia

O Programa de Educação Escolar Indígena (PEEI) faz parte do Plano Básico Ambiental do Componente Indígena (PBA-CI) da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Ele apoia os órgãos educacionais na implantação de um sistema que atenda às especificidades das nove etnias indígenas na área de influência da usina.

  • A gramática xipaya faz parte de uma série de 36 publicações viabilizadas pelo programa
  • Financiado pela Norte Energia, o programa já disponibilizou mais de 26 mil exemplares de material didático às secretarias municipais de educação. 

“As ações do Programa de Educação Escolar Indígena potencializam o fortalecimento da identidade e cultura indígena, contribuindo para o resgate das línguas xipaya, juruna e kuruaya”, explica Sabrina Miranda Brito, gerente socioambiental do componente indígena. 

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