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Depoimento de Covas, do Butantan, encaixa com peças do executivo da Pfizer

Em um país sem traços de racionalidade, vai ser difícil combinar afastamento social com aceleração da vacina

Presidente do Butantan, Dimas Covas, falou hoje à CPI da Pandemia. (Jefferson Rudy/Agência Senado)
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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2021 às 20h03.

Por Alon Feuerwerker*

O depoimento do presidente do Butantan, Dimas Covas, acrescentou mais peças ao já previsto relatório final da CPI que, se aprovado, irá apontar atos do governo federal que retardaram o início da vacinação no Brasil contra a covid-19. As informações dadas por Covas juntam-se, portanto, às prestadas pelo executivo da Pfizer sobre as idas e vindas da negociação com o Ministério da Saúde.

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O governo tem a favor dele o argumento, exposto novamente hoje pela ala governista da CPI, de o Brasil ser um dos países que mais vacinam contra o SARS-CoV-2, o quarto em números absolutos e o primeiro entre os não produtores de vacinas para a doença. É um fato. Outro fato: cerca de metade das vacinas até agora ministradas são Coronavac.

Junto com a cloroquina, as vacinas são o caminho buscado pela CPI para ao final tentar incriminar o presidente da República. Isso será mais complicado de alcançar no caso do medicamento, pois há legiões de médicos prescrevendo. Inclusive porque o Conselho Federal de Medicina deixou a decisão de administrar ou não drogas contra a covid-19 a cargo unicamente dos profissionais.

Mas na esfera das vacinas vai ficando evidente que o governo acabou por criar um problema jurídico-político para si mesmo. Por, no mínimo, ter tratado o assunto de modo rotineiro, sem senso de urgência, e aparentemente sem imaginar que um dia viria a ser cobrado por isso. Provavelmente por subestimar o impacto que a epidemia poderia ter aqui no Brasil.

Não trabalharam com a possibilidade do pior cenário e agora correm atrás.

E teve também, claro, o componente político, a disputa com o governador de São Paulo. E mais um aspecto, ainda não explorado na CPI: de quem foi a decisão de apostar numa única vacina, a da AstraZeneca/Fiocruz? A explicação dada até o momento envolve a transferência de tecnologia. Mas por que não contrataram para importação todas as vacinas possíveis enquanto não as produzíssemos em número suficiente por aqui?

*Alon Feuerwerkeré analista político da FSB Comunicação

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