Games podem ser solução para atrair millennials e geração Z para os bancos
Com gamificação os bancos buscam também levar educação financeira aos clientes
Bússola
Publicado em 21 de dezembro de 2021 às 16h00.
Última atualização em 21 de dezembro de 2021 às 16h24.
Por Wagner Martin*
Gerar engajamento com os usuários é o principal desafio do sistema financeiro diante de uma realidade em plena mudança, como estamos vivenciando com a biometria, o sistema de pagamentos instantâneos (Pix), o Open Banking e o Open Finance, que estão sendo criados na mesma velocidade em que acontece a transformação do perfil de correntistas. Para isso, os bancos devem investir cada vez mais em soluções inovadoras, como a gamificação, para atrair a atenção e interagir com a nova cartela de clientes num mercado que está se tornando cada vez mais competitivo.
Inicialmente, a gamificação, que usa a mecânica de jogos para envolver e motivar digitalmente as pessoas, transformou-se em uma das principais soluções para interagir com os usuários millennials (nascidos entre 1980 e 1995) e da geração Z (de 1996 a 2010/12), por oferecer uma experiência financeira totalmente diferenciada. Ela geralmente é disponibilizada no aplicativo do próprio banco, já que a plataforma em smartphone é a mais acessada para essa faixa etária para fazer consultas, pagamentos, transferências e investimentos.
Independentemente de como será apresentado — se por um aplicativo para smartphone, Home Banking, ou até mesmo em ações nas mídias sociais —, a gamificação tem como prioridade atender a normas regulatórias e garantir a segurança dos dados compartilhados pelos clientes.
A ação de gamificação pode deixar de lado a formalidade na linguagem e design e personalizar as transações de forma lúdica, mas é fundamental que o jogo seja bem desenhado e ofereça total integridade das finanças pessoais para manter a credibilidade da instituição no mercado.
Dentre as inúmeras vantagens da gamificação para o setor bancário, uma das principais é a oportunidade de transformar o relacionamento com o usuário, eliminando o conceito de que finanças e as plataformas ligadas a essa área são difíceis, tediosas e maçantes, fazendo com o usuário acesse mais e permaneça mais tempo nos canais bancários, o que traz uma enorme vantagem para ampliar a carteira de negócios. Outras vantagens apontadas vão desde simplificar o entendimento de produtos bancários complexos e reunir informações sobre o cliente, até bater metas de aumento do volume de depósitos.
No Brasil, especialmente, educação financeira básica é o princípio da gamificação. Características-chave, como regras de jogo (regulamentação, estruturação monetária), pontuação (coletar dinheiro), competição (conquistar mais dinheiro, fazer investimentos, bater metas), são apresentados de maneira criativa para que o usuário realmente se engaje nas plataformas bancárias e queira sempre avançar para a próxima fase ou mesmo conquistar o prêmio proposto.
Para garantir o sucesso desse tipo de ação é necessário estabelecer objetivos e metas claras e basear a estratégia em experiências associadas aos KPIs dos serviços a ser atingidos, fazendo monitoramento constante para corrigir rotas.
Algumas estratégias no planejamento da gamificação são básicas de qualquer jogo, por exemplo, incentivar a competição entre participantes, criar categorias para as diferentes habilidades dos usuários, lançar ranking e desafios, mantê-los informados do desempenho por meio de mensagens push, entre outras. O destaque é sempre o prêmio, já que é ele que vai atrair e manter o interesse na competição, e pode ser desde decorações digitais e download de conteúdo até créditos.
No longo prazo, já se pode afirmar que a gamificação aumenta a fidelidade do cliente e, ao mesmo tempo, obtém dados valiosos para ajudar as instituições financeiras a conhecer melhor seus clientes, oferecendo produtos cada vez mais personalizados.
E engana-se quem acredita que a gamificação é uma solução apenas para clientes jovens. As gerações mais maduras e conservadoras também se rendem a ela, pois os jogos são simples e intuitivos, não exigindo que usuário seja um “super geek” para interagir nas plataformas. Pelo contrário, ela incentiva a participação desse público, fazendo-o quebrar mitos financeiros que os acompanham há décadas. Dessa maneira, ajuda a aproximar os produtos de crédito de grupos habitualmente mais distantes dos sistemas financeiros, como os autônomos e os idosos.
Com todas essas possibilidades, a regra do jogo é clara: a gamificação contribui para a inclusão bancária do Brasil, permitindo que cada vez brasileiros aprendam sobre finanças e tomem melhores decisões financeiras para as suas vidas, o que também ajuda a modernizar o sistema financeiro e os serviços oferecidos pelos bancos. Esse é o jogo que todos ganham.
*Wagner Martin é diretor de desenvolvimento de negócios da Veritran
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