Até onde cabe a expressão “nada se cria, tudo se transforma”? (AFP/AFP)
Vamos direto ao ponto: Facebook e Instagram estão fazendo um belo “copia e cola” do TikTok a fim de competir com uso pesado de inteligência artificial que a plataforma utiliza ao exibir seus famosos vídeos.
A fórmula deu certo para o gigante chinês, que provoca os concorrentes a ponto de mudarem suas aplicações, mas isso não quer dizer que fará sucesso nos outros aplicativos.
Movimentos como “Make Instagram Instagram again”, que pede a volta do antigo feed, já começaram, encabeçados pelas influencers Kim Kardashian e Kylie Jenner. A petição agitou as redes sociais e é uma das mais assinadas no Change.org.
Criada pela fotógrafa e influencer Tati Bruening, está ecoando como protesto por menos posts sugeridos e mais voz aos criadores de conteúdo.
O alcance dos posts ficou reduzido e passou a competir com a IA, o que, convenhamos, significa uma concorrência muito desfavorável.
Pessoas criaram seus negócios se apoiando na entrega de seus conteúdos.
Indivíduos usam suas redes sociais para se relacionarem entre si.
O descontentamento não é à toa.
A escolha de baixar um aplicativo com determinada proposta tem como premissa que essa plataforma entregue o que foi proposto.
Não quer dizer que mudanças e ajustes não sejam bem-vindos, mas que a transição não condiz com a proposta inicial e que, muito provavelmente, em alguns poucos anos, haverá debandada por falta de entrega.
Feeds sociais não têm mais a prioridade do social, portanto, quem estiver só em busca do social, ficará frustrado.
Mark Zuckerberg, em entrevista recente, disse que 30% dos feeds do Instagram e Facebook serão preenchidos com conteúdo de contas que as pessoas não seguem, ou seja, sugestões de conteúdos baseados em dados. O padrão será esse, mesmo que ele afirme que suas redes continuarão sendo focadas em ajudar pessoas a se conectarem. Confuso, não?
O que não fica claro é a função: para amigos se conectarem, novos amigos entrarem nas redes ou meros desconhecidos fazendo parte de uma vida virtual sem verdadeiras conexões?
A concorrência provoca isso. Quando há a perda de dinheiro, surgem novas estratégias para contornar esse déficit.
Recentemente, executivos do Facebook informaram que profissionais de marketing estão reduzindo gastos, seja por causa de uma possível recessão, seja por outros fatores. O fato é que as ações da Meta caíram e houve uma dança das cadeiras de altos cargos como a saída de Sheryl Sandberg que, além de chefe de operações, era membro do conselho do Facebook e estava na empresa há 14 anos.
É de autoria do cientista francês Antoine Laurent Lavoisier a frase: “Nada se cria, tudo se transforma”.
O famoso comunicador brasileiro, Chacrinha, adaptou a mensagem: “Nada se cria, tudo se copia”.
A primeira significa que não há criação espontânea de matéria nem de vida, mas transformações; átomos rearranjados.
A segunda é que tudo é copiado.
Podemos unir as duas para falar sobre uma regra bem evidente do sucesso: nada se cria, porque sempre há referências, mas a cópia, nua e crua, será provavelmente, sempre cópia; mais do mesmo.
Plágio difere de adaptação, mas a linha pode ser bem tênue.
Devemos ficar atentos a essas idiossincrasias para também fazer boas escolhas.
Cenário em transição requer atenção e muito bom senso.
Leia mais:
Se você acha que o Instagram está ruim agora, não vai gostar dos planos de Zuckerberg
Por que a mudança de Meta de amigos para viralidade é uma ameaça existencial para o Facebook
Fim das redes sociais dica mais próximo com mudanças no Facebook
Facebook relata primeiro declínio na receita, sugerindo uma piora da economia
*Alexandre Loures e Flávio Castro são sócios do Grupo FSB
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a EXAME. O texto não reflete necessariamente a opinião da EXAME.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube
Veja também
Em busca de maior inclusão, Cannes Lions reforça importância do propósito
Como essa agência na Ucrânia usou tecnologia para combater desinformação
Bússola Trends: tomada de decisão, posicionamento e neuromarketing