Após pandemia, brasileiros apresentam até 4 anos de defasagem educacional
Defasagem escolar de crianças e jovens em leitura, escrita e matemática pode chegar até quatro anos, revela estudo do Alicerce Educação
Bússola
Publicado em 10 de março de 2022 às 18h48.
Em diagnóstico realizado em 2021, o Alicerce Educação avaliou 2.763 alunos em todo o Brasil, identificando suas lacunas de aprendizagem, fortemente agravadas após quase dois anos de ensino remoto e isolamento social. Do total de alunos, 2.265 alunos eram crianças entre cinco e 13 anos, 237 eram jovens entre 14 e 25 anos, e 261, adultos com idade superior a 25 anos.
O diagnóstico, realizado nos alunos matriculados no Alicerce, apresenta o índice de defasagem escolar médio, ou seja, a defasagem de conhecimento entre o conteúdo do ano escolar em que o aluno estava matriculado versus o conteúdo que ele efetivamente demonstrou dominar na avaliação.
As crianças apresentaram cerca de 2,2 anos de defasagem escolar em matemática, 1,9 anos em leitura e 1,7 anos em redação. Já os jovens apresentaram uma defasagem escolar média de 4,5 anos em matemática, 3,3 anos em leitura e 4,2 anos em redação.
Por fim, o grupo dos adultos, apresentou o maior índice de defasagem escolar versus série, com 5,3 anos de atraso em matemática, seguido de 4,5 anos em leitura e 4,2 anos em redação.
Sob a perspectiva do número total de alunos, mais de 90% apresentam defasagem em leitura, em escrita e em matemática, uma evidência da amplitude do desafio de recuperar a defasagem de alunos de todas as idades e localidades.
O diagnóstico de leitura do Alicerce, em especial, também mostra que os alunos enfrentam maiores dificuldades nos primeiros anos do ensino fundamental 1, ou seja, durante o processo de alfabetização, e no primeiro ano do fundamental 2, ou seja, no desenvolvimento de habilidades mais complexas de leitura. Essas dificuldades se apresentam em alunos de diversas faixas etárias.
Para o Alicerce Educação, que atua desde 2018 na formação de base educacional, contribuindo para evitar uma lacuna ainda maior de aprendizagem, essa volta às aulas em 2022 deve ser feita com ainda mais cuidado. “O retorno não pode ser feito da mesma maneira para todos. A abordagem precisa ser personalizada”, afirma Mônica Weinstein, VP de Pesquisa, Desenvolvimento e Impacto do Alicerce Educação.
Esse cenário indica que há muito trabalho a ser feito para recuperar a lacuna educacional gerada pelas desigualdades sociais aliadas ao período de pandemia. E mostra que a retomada escolar em 2022 deve ser um processo acurado, que integre dados da situação da defasagem de aprendizagem dos alunos, e também as necessidades específicas de alunos e professores.
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