Agro: como mergulhar nas tendências e garantir sua fatia no bolo crescente
Com novo cenário político e novas nuances do setor propulsor da economia nacional, empresários precisam estar atentos às projeções
Bússola
Publicado em 26 de janeiro de 2023 às 17h00.
Última atualização em 26 de janeiro de 2023 às 17h13.
Por Diogo Luchiari Fructuoso*
O PIB brasileiro avançou 0,4% no terceiro trimestre de 2022, frente ao segundo trimestre, na série com ajuste sazonal. Em comparação com o mesmo período de 2021, houve crescimento de 3,6%. Apesar disso, o setor agropecuário obteve desempenho modesto, com recuo de 0,9% e alta de 3,2% na comparação interanual. No setor externo, as exportações de bens e serviços subiram 8,1%, com destaque para produtos alimentícios, agropecuária, veículos automotores e serviços, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Contudo, 2022 trouxe mudanças no cenário geopolítico, o que exige um olhar meticuloso para as perspectivas do agronegócio em 2023.
Diante de um novo governo eleito, é natural certa inquietação, já que a nova administração tem uma orientação política bem diferente da sua antecessora.
O agronegócio é um dos principais setores da economia brasileira, isso impõe a qualquer governo o dever de manter o setor aquecido para atender às crescentes demandas nacional e global.
Perspectivas do agronegócio 2023
A virada de ano trará mudanças com a troca de governantes. Todavia, um fato que pode garantir estabilidade ao setor, sejam quais forem os procedimentos da nova administração é que o agronegócio é uma atividade econômica pujante e cada vez menos dependente do Estado.
O Brasil é uma potência agroalimentar mundial e o protagonismo do agro no PIB brasileiro não é obra de um governo específico, portanto, sua potencialidade tende se manter forte em qualquer gestão.
Projeções para as empresas de agronegócio
Em contrapartida aos desafios que a economia enfrentou com a pandemia de covid-19, em 2020, o setor fechou o ano com uma participação de 26,6% na geração de riqueza para o PIB. Em 2021, essa fração subiu para 27,5% e, em 2022, há a projeção de aumento de mais 2,8% para este índice, segundo relatório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O que impulsionou esse crescimento em meio a períodos tão difíceis foi a demanda de várias nações que ficaram temerosas em relação à sua segurança alimentar e, nessas circunstâncias, estabeleceram vários acordos comerciais com o agro brasileiro. Assim, as exportações aumentaram vertiginosamente e muitos empregos, negócios e renda foram gerados.
Em 2023, a perspectiva é promissora e alguns fatores endossam isso:
1. Os subsídios federais para o agronegócio são historicamente baixos no Brasil
Estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que o subsídio federal destinado ao agronegócio brasileiro tem sido baixo há vários governos.
Ao longo dos últimos dez anos, por exemplo, o gasto com o setor agropecuário foi de apenas 0,7% das despesas totais da União. Logo, a receita e o crescimento gerado no agro são obras de sua própria atividade e da sua relação com o exterior.
2. As políticas públicas podem ser promissoras
Somado ao crescimento que já vem sendo bem administrado pela atual gestão Federal, há a perspectiva de um futuro governo que no seu primeiro mandato, em 2003, estimulou o cooperativismo e o seguro rural. Portanto, além de continuar atendendo as demandas do mercado externo, o setor deve seguir forte entre os pequenos produtores e a agricultura familiar.
3. A demanda do mercado interno tem força para compensar eventuais perdas
Mesmo que a instabilidade geopolítica e econômica global aponte para a continuação de conflitos na Europa e a alta da inflação em vários países, o consumo das famílias brasileiras deve ser mantido pelas medidas de estímulo à renda.
O agronegócio mais digital
Se por um lado o setor pode esperar por mais incentivos e investimentos para se manter aquecido, as empresas do segmento precisam se preparar para que a jornada de compra do produtor rural apresente mais oportunidades de negócio.
Há anos, grande parte dos produtores sequer usava smartphones, realidade que mudou de maneira muito rápida: a era da conectividade chegou com força ao campo.
Hoje, mais de 90% dos agricultores têm celular e, desses, mais de 94%, inclusive, utilizam o WhatsApp para se comunicar, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio.
O crescente aumento da presença digital dos produtores rurais torna imprescindível o domínio de técnicas para criar estratégias de comunicação para cada segmento desse público nas plataformas online. Isso requer identificar os principais touchpoints ao longo da jornada de compra do produtor rural. Afinal, a interação online impacta diretamente os resultados financeiros das empresas do setor.
Para alavancar o resultados dos negócios dessa cadeia, a estratégia de comunicação deve ser criada conforme a realidade do setor, ou seja, elaborada a partir da expertise de quem realmente é especialista em agronegócio, não apenas em marketing ou comunicação.
Privacidade online
Vale salientar que o produtor rural, além de mais conectado, também está mais consciente acerca dos dados pessoais que deixa nas plataformas em que navega online.
Por outro lado, a publicidade digital está avançando no desenvolvimento de ferramentas privacy-driven, isto é, que estejam totalmente de acordo com as restrições da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para assegurar a proteção dos dados pessoais dos usuários.
Não basta garantir presença digital no agro, é preciso conhecimento, visão estratégica e técnica para interagir de maneira correta com um dos setores mais promissores da economia brasileira.
Logo, as porteiras se abrirão para 2023. As corporações que não se adequarem aos desafios da modernidade líquida, latentes também no agronegócio, correm o risco de perder saborosas fatias desse bolo.
*Diogo Luchiari Fructuoso é partner & head of operation da Macfor
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