Regra que mudará para o campeonato de 2022-2023 busca trazer maior contraste (Alan Thornton/Getty Images)
Bússola
Publicado em 17 de julho de 2021 às 08h00.
Por Danilo Vicente*
Nesta semana, a Itália escancarou uma novidade que, timidamente, já vinha ganhando espaço no futebol. A partir da temporada 2022-2023, a primeira divisão italiana do calcio não mais terá uniformes verdes. É o que diz o artigo 2 do regulamento de uniformes divulgado pela Federazione Italiana Giuoco Calcio, que organiza o campeonato. Motivo: a transmissão televisiva.
A novidade quer criar um maior contraste entre os jogadores e o gramado para que o telespectador não se confunda. A regra só valerá para os jogadores de linha, liberando a cor verde para os goleiros.
Nada muda para a temporada 2021-2022, mas a alteração foi antecipada para que os clubes e seus fornecedores de material esportivo tenham tempo de se adaptar. O pequeno Sassuolo, time cuja camisa é listrada em verde e preto, terá de inventar uma vestimenta, assim como o recém-promovido Venezia, que traz detalhes em verde no uniforme. Quem tinha uniforme alternativo em verde também terá de vetá-lo.
O regulamento ainda estabelece que um time deve sempre jogar em tom escuro e o adversário em tom claro, reforçando uma regra imposta pela Fifa, a organização máxima do futebol, em seus principais campeonatos.
Você notou que na final da Copa América a Argentina entrou em campo, contra o Brasil, toda de branco? Esse tem sido rotineiramente o uniforme dos hermanos desde a Copa do Mundo de 2014, quando o calção preto foi colocado na gaveta (ele ainda é oficial, mas entra menos em campo) por indicação da Fifa e sua regra monocromática.
Desde a Copa de 2006, a receita da Fifa é a mesma: as seleções não podem entrar em campo com qualquer parte de uniforme cuja cor coincida com a do adversário, mesmo que seja uma peça diferente. E há uma recomendação para uniforme inteiro em mesmo tom.
Alemanha e Espanha, que tinham entrado na onda monocromática em branco e vermelho, respectivamente, abandonaram a ideia.
O que me intriga é que a tecnologia avançou muito e, hoje em dia, é difícil que, com telas que chegam a 8k de definição, o telespectador se confunda. Não refuto a dificuldade de daltônicos, claro, mas a mudança arranha tradições de um século. A Argentina, por exemplo, começou a combinação camisa branco e azul celeste e calção escuro por volta de 1910.
A seleção brasileira manteve seu calção azul ao jogar com a camisa amarela, a não ser em jogos específicos. Ponto para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
O poder financeiro da transmissão televisiva de futebol é inegavelmente importante. Mas alguém ainda tem televisor preto e branco neste planeta? E alguém já confundiu o verde do gramado com o verde da camisa de futebol? Tem gente que gosta de inventar.
*Danilo Vicente é sócio-diretor da Loures Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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