Final masculina de basquete em cadeira de rodas entre EUA e Japão nas Paralimpíadas de Tóquio 2020 (MATSUO.K/AFLO SPORT/Reuters)
Bússola
Publicado em 5 de setembro de 2021 às 09h00.
Última atualização em 5 de setembro de 2021 às 10h12.
Por Evandro Tokarski*
A mitologia grega nos conta que a primeira Olimpíada foi inaugurada por Hércules, filho de Zeus com uma mortal, que, desafiado pela deusa Hera, precisou cumprir doze trabalhos considerados impossíveis. O quinto desse imenso desafio era limpar os currais do Rei Augias, da cidade de Élis.
Segundo o mito, os espaços, ocupados por milhares de cavalos, não eram limpos há mais de três décadas. Após concluir a dura missão, diz a mitologia, ele decidiu comemorar seu feito inaugurando os jogos esportivos em homenagem ao pai, Zeus.
Não à toa, tarefas e trabalhos de extrema dificuldade são até hoje conhecidos como hercúleos, e o evento esportivo atravessou a Era Moderna para se tornar o maior e mais importante momento para atletas do mundo todo.
A cada quatro anos, um seleto grupo tem a chance de representar seu país. Como atleta paralímpico, posso afirmar: não há orgulho maior.
Vivi essa experiência em Seul, em 1988, integrando o time de basquete paralímpico do Brasil. Entre 1981 e 1992, competi em circuitos nacionais e internacionais, viajei para mais de 20 países e posso garantir que nada se compara à experiência de conviver com atletas de altíssimo rendimento, no auge de sua forma física e preparo.
Hoje, como empresário, posso dizer que o treinamento e a preparação de um atleta de alto rendimento me trouxeram muito mais que medalhas, orgulho e realização. O esporte me ensinou algumas lições que listo aqui, e, mais que isso, forjou em mim um espírito empreendedor hoje tão latente em minha personalidade.
Sem disciplina, nada somos no esporte, assim como nada se constrói nos negócios. Construir uma empresa do zero exige muita disciplina, perseverança, discernimento e força de vontade, características que sempre existiram em mim, mas foram acentuadas pela prática do esporte e pelos treinamento intensivo que a preparação para ser um atleta de ponta exige. O sucesso de um empreendimento faz exigências semelhantes.
Cuidar do corpo e da mente é fundamental para a prática de qualquer esporte e também para comandar um negócio. É importante estar bem e focado para competir, assim como é fundamental estar bem e ter foco para liderar, ter discernimento, comandar e tomar as decisões certas, que farão com que o negócio caminhe na direção correta para ser bem sucedido. Cuidar de si mesmo é fundamental nesses dois campos.
No esporte e nos negócios, não se pode desistir. É preciso saber onde buscar a força interior que nos faz ir além, que nos faz saber que o esforço valerá a pena, mesmo quando não sabemos de onde virá a força para continuar. Os obstáculos sempre existirão, e estar ciente disso é apenas mais uma etapa do percurso. A vontade de vencer, seja nas quadras ou no mercado de negócios, precisa ser maior. O esporte ensina que perder faz parte e que uma derrota não significa um ponto final, mas sim uma lição a ser aprendida, uma nova chance a ser encontrada, um novo desafio a ser superado. No mundo dos negócios, nenhuma derrota pode nos parar: é preciso parar, refletir, corrigir a rota, acertar, e seguir em frente. Exatamente como nas quadras.
Ninguém faz nada sozinho, mesmo em esportes individuais. Seja nos esportes, seja em um time de trabalho, é preciso saber se relacionar, tirar o melhor de quem está perto de você. No basquete, a minha praia, cada jogador tem sua função, e todas são essenciais para uma bela cesta no final de uma jogada. O mesmo precisa acontecer no trabalho. Quando cada um está bem escalado, sabe o que precisa fazer e desempenha perfeitamente suas funções,, o resultado do todo é imbatível.
Assim como no esporte, os negócios não aceitam quem não os leva a sério. É preciso estar sempre em busca do aperfeiçoamento, de novas técnicas, da prática que leva à perfeição. Só assim é possível estar em dia com a qualidade que um atleta de ponta precisa oferecer em quadra - é, em um negócio, do que se precisa oferecer para seus clientes. Do atendimento à produção, da gestão à atenção aos mínimos detalhes, o esporte tem muito a ensinar a todos os empresários e empreendedores.
Esporte é uma prática aliada ao sucesso. A técnica e a repetição, aliadas à disciplina, fazer chegar mais longe. Quem enxerga o negócio como um atleta que vê o sonho de competir em uma olimpíada está no caminho certo. Com esforço, dedicação e consistência, seu negócio só pode prosperar.
*Evandro Tokarski é presidente do Grupo Artesanal, líder no mercado de farmácias de manipulação no Centro-Oeste e em Minas Gerais
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