As tendências apontadas pelo Gartner indicam a necessidade das organizações de orquestrar políticas, processos e tecnologias de forma contínua ( HECTOR RETAMAL/Getty Images)
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Publicado em 26 de dezembro de 2025 às 13h00.
Por Tiago Amor*
Em um cenário de vazamentos de dados cada vez mais frequentes e pressões crescentes de compliance, governança e cibersegurança deixam de ser apenas boas práticas e passam a ser determinantes para a continuidade dos negócios.
Para 2026, o Gartner destacou 10 tendências estratégicas de tecnologia ("Top Strategic Technology Trends for 2026"), das quais três estão diretamente ligadas à confiança, governança e segurança digital, reunidas no pilar "The Vanguard".
Essas tendências têm potencial para redefinir as estratégias corporativas nos próximos anos, e por isso, todas as lideranças e equipes devem conhecê-las.
A próxima geração da segurança digital será proativa. A cibersegurança preditiva utiliza técnicas avançadas de Inteligência Artificial para antecipar, neutralizar e interromper ataques antes que aconteçam, superando o modelo tradicional de detecção e resposta.
O número de ameaças alimentadas por IA cresce exponencialmente, atingindo redes, aplicações e dispositivos IoT.
Segundo o Gartner, 50% dos investimentos em software de segurança serão direcionados a soluções preditivas até 2030. E o número de vulnerabilidades documentadas deve ultrapassar 1 milhão por ano até o fim da década.
Em resumo: segurança passará de reativa para preditiva, um novo padrão competitivo.
A Proveniência Digital garante a origem e a integridade de dados, utilizando mecanismos como lista de materiais de software (SBOM), bancos de dados de certificação e marcas d’água digitais.
A prática cria transparência e confiança em ecossistemas digitais compostos por componentes de terceiros e conteúdos gerados por IA, reduzindo riscos de falsificação, adulteração de código e desinformação.
Com a expansão da IA e o aumento de regulamentações como o EU AI Act (Regulamento de Inteligência Artificial da União Europeia), cresce a necessidade de ferramentas que validem a autenticidade de cada elemento digital.
As Plataformas de Segurança para IA oferecem um ambiente unificado para proteger aplicações de inteligência artificial, tanto internas quanto de terceiros.
O Gartner prevê que até 2028 mais de 50% das empresas adotarão plataformas dedicadas à segurança de IA. Também prevê que 80% das transações não autorizadas virão de violações internas, e não de ataques externos.
Elas centralizam a visibilidade, aplicam políticas de uso e defendem contra riscos específicos da IA, como injeção de prompts, vazamento de dados e ações de agentes maliciosos.
Além disso, permitem que CIOs apliquem políticas consistentes em todo o ecossistema de IA e acompanhem o uso de forma auditável.
Para dar os primeiros passos, as empresas precisam transformar diretrizes em execução diária. Isso passa por estruturar quem pode acessar quais dados, em que contexto e por qual motivo;
Conectar fluxos de aprovação a políticas de compliance; e garantir que cada decisão crítica (humana ou automatizada) deixe rastros auditáveis.
Na prática, significa sair de controles manuais e fragmentados para processos integrados, capazes de reagir em tempo real a desvios, riscos ou usos indevidos da informação.
É verdade que governança e cibersegurança sempre foram temas importantes, mas a IA elevou esse desafio a um novo patamar.
As tendências apontadas pelo Gartner indicam a necessidade das organizações de orquestrar políticas, processos e tecnologias de forma contínua, aplicando regras de segurança desde a origem dos dados até sua utilização por modelos e agentes inteligentes.
Não se trata apenas de proteger sistemas isolados, mas de manter controle consistente sobre todas informações e dados. Esse movimento exige tecnologia, visão de liderança e compromisso contínuo com boas práticas.
Construir essa maturidade agora é o que diferencia empresas reativas de empresas preparadas, não apenas para 2026, mas para a próxima década.
*Tiago Amor é CEO da Lecom, plataforma pioneira em hiperautomação de processos. É Especialista em Gestão de Projetos na FGV e formado em Sistemas da Informação pela UNESP, onde também se especializou em Gestão Empresarial.