Xapuri, no Acre, conserva a memória de Chico Mendes
Com pouco mais de 16 mil habitantes, cidade do seringueiro Chico Mendes ainda conserva as características do interior.
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2013 às 15h48.
Xapuri (AC) - A identificação na entrada da cidade é uma referência clara da luta dos seringueiros. “Xapuri, Cidade de Chico Mendes”. Com pouco mais de 16 mil habitantes, o município localizado na região do Alto Acre , a cerca de 180 quilômetros da capital Rio Branco, ainda conserva as características do interior.
A cidade natal de Chico Mendes tem ruas estreitas, a maioria de blocos de pedra. Poucas são asfaltadas. Seu filho mais ilustre é lembrado em praticamente todos os cantos. Logo na entrada, está a fábrica de preservativos masculinos Natex, construída em parceira pelos governos estadual e federal. Criada para escoar a produção do látex, atualmente a empresa não garante plenamente o retorno financeiro aos antigos soldados da borracha, que recebem pouco mais de R$ 7 pelo quilo do produto.
Perto do centro, a casa onde Chico Mendes viveu e morreu virou um ponto de cultivo à memória do seringueiro. Ao lado, foi erguido o Museu Chico Mendes, que abriga fotos, textos e objetos usados pelo líder sindicalista. A cidade também guarda traços dos conflitos que há 25 anos provocaram a morte de Chico Mendes e líderes sindicalistas.
Ao longo dos ramais, como são chamadas as estradas de chão batido que dão acesso às propriedades rurais – as colocações - é constante o cenário de áreas desmatadas para criação de gado. E os números confirmam: nos últimos 15 anos, o rebanho bovino no Acre saltou de 900 mil cabeças para mais de 3 milhões de animais.
“Hoje a questão da pecuária adentrou as comunidades rurais dos antigos seringais em função das necessidades. Na época, junto com Chico Mendes, os seringueiros defendiam a posse da terra, mas não estava definido que tipo de atividade econômica ia ser eterna. Naquele momento, era o extrativismo, porque propiciava o básico do básico do que se consumia na época”, disse a vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Xapuri, Dercy Teles.
Sentado à frente da casa de Chico Mendes, como costuma fazer quase todos os dias, o ex-seringueiro Luiz Targino de Oliveira, 81 anos, teme pelo futuro da floresta. “Quero ver daqui a alguns anos, quando não tiver mais nenhuma árvore e a seca comendo. Porque a briga é pelo dinheiro. O fazendeiro não está satisfeito em possuir mil cabeças de gado, quer possuir 5 mil e destruir. Porque, para ele criar muito gado, ele tem que destruir a natureza. Onde tem o único pulmão de floresta é na Amazônia”.
No Seringal Cachoeira, onde Chico Mendes viveu boa parte da vida, a criação de gado e a retirada seletiva de madeira fazem parte do dia a dia dos extrativistas. Os longos percursos, antes feitos a pé, hoje são desbravados por motos. A escola idealizada por Chico Mendes evita que os filhos dos homens da floresta precisem ir até a cidade para estudar.
“Ninguém produz riqueza, mas vive com a barriga cheia e corpo coberto. Hoje, vemos nossos filhos ir para a escola e voltar porque a escola está aqui na casa dos seringueiros. A cada três horas de caminhada tem escola e também temos ônibus escolar. Então, é suficiente para a gente viver com a barriga cheia, corpo coberto e tranquilidade. Hoje, boa parte [das pessoas] tem geladeira e televisão. É uma vida que nem se compara com a vida que nós tínhamos aqui há dez, 20, 50 anos”, disse Raimundo Mendes de Barros, primo de Chico Mendes.
Xapuri (AC) - A identificação na entrada da cidade é uma referência clara da luta dos seringueiros. “Xapuri, Cidade de Chico Mendes”. Com pouco mais de 16 mil habitantes, o município localizado na região do Alto Acre , a cerca de 180 quilômetros da capital Rio Branco, ainda conserva as características do interior.
A cidade natal de Chico Mendes tem ruas estreitas, a maioria de blocos de pedra. Poucas são asfaltadas. Seu filho mais ilustre é lembrado em praticamente todos os cantos. Logo na entrada, está a fábrica de preservativos masculinos Natex, construída em parceira pelos governos estadual e federal. Criada para escoar a produção do látex, atualmente a empresa não garante plenamente o retorno financeiro aos antigos soldados da borracha, que recebem pouco mais de R$ 7 pelo quilo do produto.
Perto do centro, a casa onde Chico Mendes viveu e morreu virou um ponto de cultivo à memória do seringueiro. Ao lado, foi erguido o Museu Chico Mendes, que abriga fotos, textos e objetos usados pelo líder sindicalista. A cidade também guarda traços dos conflitos que há 25 anos provocaram a morte de Chico Mendes e líderes sindicalistas.
Ao longo dos ramais, como são chamadas as estradas de chão batido que dão acesso às propriedades rurais – as colocações - é constante o cenário de áreas desmatadas para criação de gado. E os números confirmam: nos últimos 15 anos, o rebanho bovino no Acre saltou de 900 mil cabeças para mais de 3 milhões de animais.
“Hoje a questão da pecuária adentrou as comunidades rurais dos antigos seringais em função das necessidades. Na época, junto com Chico Mendes, os seringueiros defendiam a posse da terra, mas não estava definido que tipo de atividade econômica ia ser eterna. Naquele momento, era o extrativismo, porque propiciava o básico do básico do que se consumia na época”, disse a vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Xapuri, Dercy Teles.
Sentado à frente da casa de Chico Mendes, como costuma fazer quase todos os dias, o ex-seringueiro Luiz Targino de Oliveira, 81 anos, teme pelo futuro da floresta. “Quero ver daqui a alguns anos, quando não tiver mais nenhuma árvore e a seca comendo. Porque a briga é pelo dinheiro. O fazendeiro não está satisfeito em possuir mil cabeças de gado, quer possuir 5 mil e destruir. Porque, para ele criar muito gado, ele tem que destruir a natureza. Onde tem o único pulmão de floresta é na Amazônia”.
No Seringal Cachoeira, onde Chico Mendes viveu boa parte da vida, a criação de gado e a retirada seletiva de madeira fazem parte do dia a dia dos extrativistas. Os longos percursos, antes feitos a pé, hoje são desbravados por motos. A escola idealizada por Chico Mendes evita que os filhos dos homens da floresta precisem ir até a cidade para estudar.
“Ninguém produz riqueza, mas vive com a barriga cheia e corpo coberto. Hoje, vemos nossos filhos ir para a escola e voltar porque a escola está aqui na casa dos seringueiros. A cada três horas de caminhada tem escola e também temos ônibus escolar. Então, é suficiente para a gente viver com a barriga cheia, corpo coberto e tranquilidade. Hoje, boa parte [das pessoas] tem geladeira e televisão. É uma vida que nem se compara com a vida que nós tínhamos aqui há dez, 20, 50 anos”, disse Raimundo Mendes de Barros, primo de Chico Mendes.