Exame Logo

Vestir a camisa do Neymar é apoiar corrupção, afirma dono da DIS

O grupo detinha 40% dos direitos econômicos de Neymar, e alega que houve ocultação dos valores da venda do atacante para o Barcelona em 2013

Neymar: no processo penal que tramita na Espanha, é pedida a prisão do jogador por cinco anos e espera que ele fique impossibilitado de atuar durante esse período (Getty/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de março de 2017 às 18h01.

São Paulo - Sócio-fundador do grupo de investimento DIS, o empresário Delcir Sonda veio a público nesta quarta-feira, em entrevista coletiva em São Paulo, para dizer que se sente traído por Neymar e sua família.

O empresário, de forma emocionada, desabafou: "Vestir a camisa do Neymar é apoiar a corrupção".

Veja também

"Fui traído por Neymar Júnior, seu pai e sua mãe, a DIS foi traída. Houve fraude arquitetada entre Neymar, seus pais e Barcelona com o uso de contratos simulados, pagamentos escondidos, advogados e viagens escondidas", declarou.

"Fiz tudo o que podia para esse menino, o sentimento que tenho é mágoa", afirmou.

A DIS, que detinha 40% dos direitos econômicos de Neymar, alega que houve ocultação dos valores da venda do atacante para o Barcelona em 2013 de forma que o grupo de investimento teria recebido um montante menor ao que teria direito, caracterizando um caso de corrupção privada.

Ele também é acusado de estelionato pelo Ministério Público espanhol.

Na época, foi divulgado que o jogador foi vendido por 17,1 milhões de euros.

A Justiça espanhola, entretanto, estima que a negociação tenha cifras muito superiores.

"Neymar, seus pais e o Barcelona fraudaram o livre mercado, foi um golpe arquitetado. É lamentável que a carreira de um jovem seja manchada por atos criminais. São esses os valores que vamos ensinar para as crianças? Eu acho que não", ressaltou Delcir Sonda.

O debate inclui o pagamento de 40 milhões de euros do Barcelona para a empresa da família de Neymar, a NN Consultoria.

Segundo a defesa do jogador, o valor refere-se à quebra de um pré-contrato de prioridade do clube espanhol ao negociar diretamente com o Santos para a transferência do atacante ao futebol europeu.

Desse montante, o repasse de 10 milhões de euros foi justificado como empréstimo pelo contrato de preferência.

A DIS contesta essa versão e alega que houve fraude na tentativa de ocultar o valor total da transferência para prejudicar o grupo de investimento.

No processo penal que tramita na Espanha, pede a prisão de Neymar por cinco anos e espera que ele fique impossibilitado de atuar durante esse período.

Além disso, quer seis anos de suspensão para os dirigentes de Barcelona e Santos, multa equivalente a três vezes o benefício financeiro recebido por aqueles que participaram dos delitos investigados, seis anos de inabilitação para a mãe e pai de Neymar na administração das empresas da família.

"Não estamos falando de interpretações contratuais. Contratos estão firmados, Barcelona e jogador são perfeitamente conscientes sobre os direitos econômicos. Decidem enganar o mercado, pagar por debaixo da mesa com a finalidade de fraudar os contratos escritos, enganar o mercado. Por isso, é acusado de dois delitos criminais", disse Eliseo Martinez, advogado da DIS na Espanha e sócio diretor do escritório lus+Aequitas Abogados.

O advogado da DIS no Brasil e sócio do escritório Miguel Neto Advogados, Paulo M. Nasser, nega que houve qualquer tratativa de acordo entre o grupo e os envolvidos.

"Esse não é um tema exclusivamente de dinheiro, é justiça. A ação penal investiga potencial delitos, a DIS quer que a lei seja aplicada de forma correta e indistinta, que a lei se aplique igual a todos. Qualquer tentativa de acordo passa apenas por valor financeiro e o que se discute não são apenas valores financeiros, discute-se justiça".

Apesar de as ações da DIS e da Promotoria espanhola serem distintas, serão julgadas em conjunto pela Justiça da Espanha.

A data do julgamento ainda não está definida, a expectativa é de que ocorra ainda este ano.

No início do mês, Neymar foi julgado em processo fiscal no Carf, em Brasília, e teve o recurso negado no que diz respeito à transferência para o Barcelona.

Segundo a Promotoria, os 10 milhões de euros pagos em 2011 caracterizava um adiantamento pela venda do promissor jogador de futebol ao clube catalão.

Acompanhe tudo sobre:Barcelona (Espanha)Neymar

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame