Brasil

Vélez diz que não houve golpe em 64 e livros didáticos serão alterados

Ministro da Educação afirmou para o jornal Valor Econômico que mudança de regime, há 55 anos, não foi golpe, e sim "mudança de tipo institucional"

Vélez: ministro afirma que não houve golpe militar em 1964 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Vélez: ministro afirma que não houve golpe militar em 1964 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de abril de 2019 às 22h08.

Última atualização em 4 de abril de 2019 às 12h32.

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse que haverá mudanças em livros didáticos para revisar a maneira como são retratados nas escolas o golpe de Estado que retirou o presidente João Goulart do poder, em 1964, e o regime militar que o seguiu. A declaração ocorreu em uma entrevista do ministro ao jornal Valor Econômico, publicada nesta quarta-feira, 3.

Segundo o jornal, Vélez diz acreditar que a mudança de regime, há 55 anos, não foi um golpe, e sim uma "mudança de tipo institucional". Além disso, teria dito que o período que seguiu a posse do general Castello Branco não seria ditadura, e sim um "regime democrático de força". A tese é refutada por historiadores que estudaram o período.

Vélez disse, segundo o Valor, que as mudanças em livros didáticos seriam "progressivas", e devem ocorrer "na medida em que seja resgatada uma versão mais ampla da história". Ele ainda teria dito que o papel do Ministério da Educação (MEC) é "regular a distribuição do livro didático e preparar o livro didático de tal forma que as crianças possam ter a ideia verídica, real, do que foi a sua história".

Contatado para comentar as declarações do ministro, o MEC não respondeu à reportagem. A notícia repercutiu mal entre representantes de editoras e autores de livros didáticos.

O presidente da Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (Abrale), Cândido Grangeiro, ressaltou que todos e qualquer livro didático deve, por regra, ser baseado em ampla consulta acadêmica, e não por opiniões.

"O que sempre deve nos guiar é o rigor acadêmico na produção dos materiais didáticos, para que os alunos tenham acesso a conteúdo pautado em pesquisa", disse Grangeiro. "A Abrali é contra qualquer tipo de revisionismo que seja baseado em opiniões."

Acompanhe tudo sobre:Golpe de 1964MEC – Ministério da EducaçãoRicardo Vélez Rodríguez

Mais de Brasil

PT pede cassação de chapa do PL que elegeu Jair Renan Bolsonaro por suposta fraude na cota de gênero

Instituto Butantan pede registro de vacina contra dengue à Anvisa

Como dar entrada no seguro-desemprego? Veja o passo a passo