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Site ligado ao Vaticano muda versão sobre visita de advogado a Lula

Advogado argentino impedido de se encontrar com Lula não fez visita em nome do pontífice, diz Vaticano. PT edita texto nas redes sociais

Papa Francisco: terço entregue a Lula teria sido "apenas abençoado" pelo pontífice (Tony Gentile/Reuters)

Papa Francisco: terço entregue a Lula teria sido "apenas abençoado" pelo pontífice (Tony Gentile/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 12 de junho de 2018 às 12h21.

Última atualização em 13 de junho de 2018 às 14h57.

São Paulo - O site Vatican News, ligado ao Vaticano, publicou uma nova nota nesta quarta-feira (13) sobre a visita do advogado argentino Juan Grabois ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carceragem da Polícia Federal na última segunda-feira (11). Segundo o órgão, a nota original continha erros de tradução.

Ontem, a publicação, que segundo a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é um órgão oficial de pronunciamentos da Santa Sé, negou que o advogado tenha tentado fazer a visita  em nome do Papa Francisco. A princípio, o site afirmou que a visita foi feita "a título pessoal". Na nova versão, não fica claro se o encontro teria um caráter oficial.

Originalmente, o site também negou que o rosário entregue por Grabois ao petista tenha sido enviado pelo pontífice. De acordo com a primeira versão do pronunciamento, o terço teria sido apenas "abençoado" pelo Santo Padre, como é feito em tantas ocasiões.

"Em mérito às notícias circuladas sobre o suposto envio de um terço pelo Papa Francisco ao ex-presidente Lula, esclarecemos que o advogado argentino Juan Gabrois, fundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, tentou fazer uma visita - a título pessoal - ao ex-presidente", disse a nota publicada na página do Facebook do Vatican News ontem. 

Hoje, a publicação se limitou a afirmar que, em entrevista, Grabois definiu como "inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais".

Os posts do Vatican News foram excluídos das redes sociais, mas é possível ver o conteúdo:

https://twitter.com/vaticannews_pt/status/1006481058118938624

Preso desde 7 de abril, Lula pode receber visitas para ajuda espiritual toda segunda-feira. No entanto, por não exercer função religiosa, Grabois não foi autorizado a encontrá-lo. Em entrevista na porta da carceragem PF em Curitiba (PR), o advogado fez críticas ao judiciário brasileiro — mas não mencionou que seria emissário do papa.

Na nota publicada nesta quarta, o Vatican News afirma que Grabois é consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, órgão extinto no ano passado que passou a fazer parte do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e é coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais em diálogo com o Papa Francisco.

Ontem, a equipe de comunicação do petista publicou no Twitter do ex-presidente que o terço teria sido enviado pelo papa.

lula-terco-twiter

(Twitter/Reprodução)

No Facebook, o post  sobre o mesmo assunto foi editado na manhã de hoje com a informação de que o rosário teria sido, na verdade, abençoado pelo pontífice. No histórico de edições, é possível ver que a postagem original afirmava que o rosário teria sido enviado pelo santo padre:

(Facebook/Reprodução)

Veja a íntegra da nova nota publicada pelo Vatican News:

"Corrigindo um serviço precedente sobre o caso Grabois-Lula, devemos ressaltar que havia imprecisões na tradução e nas transcrições que induziram a alguns erros. Abaixo apresentamos a notícia correta.

O advogado argentino Juan Gabrois é Consultor do ex-Pontifício Conselho Justiça e Paz, que passou a fazer parte do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e é o coordenador do encontro mundial dos movimentos sociais em diálogo com o Papa Francisco.

Grabois concedeu uma entrevista (https://youtu.be/A7F-C1Bi5Q0) depois de ter sido impedido de visitar o ex-presidente Lula no Cárcere de Curitiba, onde está detido há mais de dois meses. Grabois definiu como inexplicável a rejeição de não ter podido se encontrar com Lula a quem queria levar um Terço abençoado pelo Papa, as palavras do Santo Padre e as suas reflexões com os movimentos sociais e discutir assuntos espirituais com o ex-chefe de Estado.

Grabois disse que está muito preocupado com a situação política no Brasil e em vários países da América Latina. Enfim, disse estar muito triste pela proibição de realizar esta visita, mas que o importante é ter conseguido levar a Lula o terço."

 

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