Vacina contra HPV: no Ditrito Federal, a segunda dose será no mês de maio, e a da terceira, no mês de setembro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2014 às 19h20.
Brasília - Começou hoje (10) a campanha de vacinação contra o papiloma vírus humano (HPV), em todo o Brasil.
Mas, diferentemente dos outros estados, o Distrito Federal está no segundo ano de campanha, e vai vacinar, neste ano, meninas entre 9 e 13 anos contra a doença que pode causar câncer de colo de útero. A meta é imunizar 64.882 pré-adolescentes, equivalentes a 80% das meninas nessa faixa etária, no DF.
Nos demais estados, a campanha de 2014 vai vacinar meninas entre 11 e 13 anos, com reduções posteriores para meninas de 10 anos (em 2015) e de 9 anos (em 2016).
Outra diferença entre as campanhas é que a nacional prevê que a segunda dose será aplicada com intervalo de seis meses e a terceira, de reforço, cinco anos após a primeira dose. No Distrito Federal, as outra doses são com intervalos de 60 e 180 dias.
De acordo com o Ministério da Saúde, apesar de todas as vacinas serem distribuídas pelo governo federal, o Distrito Federal tem liberdade para continuar com a campanha iniciada em 2013.
De acordo com a ginecologista da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Isa Melo, já há estudos indicando que a terceira dose, chamada dose de reforço, não aumenta a eficácia da vacina. “O esquema tríplice de doses é usual, mas já existem trabalhos mostrando que duas doses seriam suficientes; a terceira [dose] seria um reforço, mas já há estudos indicando que não altera a eficácia”, explicou.
A orientação do Ministério da Saúde é que a primeira dose seja oferecida nas escolas (públicas e particulares), mas a vacinação também pode ser feita em postos de saúde de todo o país.
No Ditrito Federal, a segunda dose será no mês de maio, e a da terceira, no mês de setembro. As meninas que não comparecerem à escola no dia agendado para vacinação, serão encaminhadas para as unidades de Saúde.
A vacina usada na campanha, em todo Brasil, é a quadrivalente, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 da doença. Outra vacina contra HPV foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina bivalente, que confere proteção contra HPV 16 e 18. As duas vacinas estão comercialmente disponíveis em clínicas privadas. Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo o mundo.
Emilly Silva, de 10 anos, enfrentou a fila em um colégio, na Ceilândia - uma das 31 regiões administrativas do Distrito Federal - com medo da injeção. Mas disse que sabia que era melhor tomar a vacina do que ter câncer de colo de útero depois. “Minha mãe disse para eu tomar”, contou.
De acordo com a diretora do colégio de Emilly, Maria Lucinete França, em 2013, primeiro ano da campanha no DF, as mães foram mais resistentes, pois tinham medo de a vacina estimular o início da vida sexual das meninas. “A gente esbarrou muito na questão religiosa. Muitos pais, quando receberam o bilhete falando da vacina, vieram falar com a gente pra saber do que se tratava. Mas nenhum proibiu a filha de tomar a vacina”, relatou.
Samara Lopes, de 11 anos, disse que sua mãe “quase morreu” quando soube que ela seria vacinada contra uma doença sexualmente transmissível. “Também não entendo bem porque tomar a vacina, não me deito com ninguém. Mas como todo mundo vai tomar no colégio, a minha mãe não proibiu”, disse a estudante, já vacinada.
Isa Melo lembra que essa é uma oportunidade de os pais falarem com os filhos a respeito de doenças sexualmente transmissíveis. “Na medida que isso vai se tornando público, sendo divulgado, as barreiras começam a cair”.
As amigas Letícia e Roberta, de 10 e 11 anos, disseram que antes de terem orientações, na escola, sobre a vacina, já sabiam da importância da vacina, porque tinham visto na televisão. “Eu fiquei com medo de doer, mas minha mãe me mandou tomar porque vai evitar uma doença séria. Ela já me explicou tudo sobre essas doenças”, contou Letícia.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de 15 mil novos casos e cerca de 4,8 mil óbitos em 2014. Em 2013, a campanha do DF teve cobertura de 93,9% na primeira dose, na segunda 94,15% e na terceira e última etapa 88,87%.