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Ursos em aquário em SP reabrem polêmica sobre cativeiro

A ONG Aliança Internacional do Animal quer que os animais sejam devolvidos à natureza


	O recinto de Aurora e Peregrino tem neve artificial, temperatura e luz controladas e muita água
 (REUTERS/Michael Dalder)

O recinto de Aurora e Peregrino tem neve artificial, temperatura e luz controladas e muita água (REUTERS/Michael Dalder)

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Da Redação

Publicado em 31 de maio de 2015 às 10h51.

São Paulo - Aurora e Peregrino são os únicos ursos-polares (Ursus maritimus) do Brasil. Vivem no Aquário de São Paulo, no Ipiranga, zona sul da capital, desde dezembro. Nem bem foram apresentados ao público, em 14 de abril, passaram a atrair, além de visitantes, a atenção de ativistas. Pelo menos uma vez por semana, a ONG Aliança Internacional do Animal (Aila) coloca manifestantes na frente do local, munidos com cartazes e megafone, pedindo que os ursos sejam devolvidos à natureza.

"Estamos nos preparando para processá-los. Eles estão querendo denegrir nossa imagem", afirma o proprietário do Aquário, Anael Fahel. "Por que não vão protestar também no zoológico, onde tem leão, girafa e outros animais selvagens?" A fundadora da Aila, Ila Franco, diz que "mesmo com a melhor das intenções, jamais o Aquário poderá dar o mínimo para as necessidades do animal". "Não é correto ensinar as pessoas que é normal e educativo confinar animais selvagens, exóticos ou outros em cativeiro", afirma. "Logo ficarão doentes e fatalmente morrerão."

As negociações para a vinda de Aurora e Peregrino começaram há mais de um ano. Eles chegaram em dezembro, sob empréstimo de um zoológico russo. Fahel precisou cumprir uma série de exigências burocráticas e técnicas para viabilizar o processo. No Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) normatiza a construção de recintos para animais em cativeiro. Os espaços são avaliados por comissão da Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

"O Aquário de São Paulo entregou todas as documentações pertinentes e ajustou suas estruturas", diz Carolina Lorieri Vanin, coordenadora de Biodiversidade e Recursos Naturais do Centro de Fauna Silvestre em Cativeiro do Centro de Fauna Silvestre da pasta. O recinto dos ursos mede 1,5 mil metros quadrados, enquanto o Ibama exige 300 m² por casal.

Inaugurado em 2006, o Aquário não tem só peixes. Ali vivem morcegos, pinguins, cangurus, cobras e até preguiça. Hoje, são cerca de 250 espécies. A instituição emprega 36 profissionais apenas para o manejo dos animais, entre biólogos, veterinários e tratadores, além de 22 educadores ambientais.

O recinto de Aurora e Peregrino tem neve artificial, temperatura e luz controladas e muita água. Há suspeitas de que a fêmea esteja prenhe - significa que, em breve, pode nascer o primeiro urso-polar no País. Se vierem filhotes por aí, uma maternidade já está pronta, anexa ao recinto. Segundo especialistas brasileiros e russos - que ficaram em São Paulo por dez dias acompanhando a chegada dos animais -, a adaptação do casal foi rápida e bem-sucedida.

"Zoológicos sempre foram considerados locais que tinham como objetivo maior o entretenimento", diz Paulo Magalhães Bressan, presidente da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. "A nova missão dos zoológicos desmistifica o paradigma do antigo conceito de 'museu vivo'. Hoje, são encarados como aliados para estratégias de conservação, para que seja estabelecida política pública da gestão da fauna e biodiversidade nos Estados e no Brasil."

No caso do Aquário, mesmo sendo instituição privada, há compromissos semelhantes. "Claro que há o entretenimento, mas ele traz consigo a educação ambiental", diz a veterinária Laura Reisfeld, que trabalha no local. "Aqui, fazemos estudos que, muitas vezes, são usados por quem pesquisa a vida livre. Temos muitas parcerias."

Ila Franco diz que "nunca critica sem dar soluções viáveis" e já conseguiu vaga para Aurora e Peregrino em uma organização europeia que mantém animais em reserva. O proprietário do Aquário, por sua vez, afirma: "Qualquer animal da instituição está disponível para participar de projetos de soltura, desde que sejam responsáveis". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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