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Universidades de SP adotarão cota racial, antecipa ativista

O diretor da Educafro antecipou promessa que deve ser concretizada pelo governo paulista em dezembro


	Reitoria central da USP: a Universidade de São Paulo, a Unicamp e a Unesp estão no foco para as cotas
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Reitoria central da USP: a Universidade de São Paulo, a Unicamp e a Unesp estão no foco para as cotas (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 23 de novembro de 2012 às 10h55.

Rio de Janeiro - Universidades estaduais em São Paulo devem adotar ações afirmativas com recorte racial. Um programa, incluindo auxílio à permanência de alunos, deve ser lançado em dezembro no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. No Rio, a promessa do governo é criar cotas na melhor escola pública do estado.

O compromisso foi sinalizado pelos governadores Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral em conversas reservadas com o diretor do Educação e Cidadania de Afrodescendentes (Educafro), frei David - que há mais de 20 anos se dedica à educação para pessoas carentes e é uma das principais figuras no debate sobre políticas de ações afirmativas no cenário nacional. Ontem (22), em debate na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) - a primeira a ter cotas raciais no país -, o educador e ativista tornou as promessas públicas.

Em São Paulo, o foco será a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp). Segundo frei David, a presença de negros nessas instituições é baixa e chega a ser nula em cursos concorridos como medicina e direito no campus da Unesp.

“O governador intimou os reitores a discutir o assunto entre eles e a tomar decisões. O projeto de cotas raciais e sociais já está formatado e será submetido aos conselhos universitários para ter legitimidade. O governador criará um instrumento jurídico lançando isso nos próximos dias com respaldo das universidades”, disse.

A Agência Brasil entrou em contato com as assessorias das três universidades paulistas e do governo do estado. Tanto a Unesp como a Unicamp confirmaram que o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) está discutindo o assunto.


A Unesp confirmou, também, que o anúncio dessas políticas afirmativas está previsto para a primeira quinzena de dezembro. Até o final da manhã de hoje (23), a reportagem não obteve resposta da USP nem do governo do estado.

Dez anos depois de ajudar a instituir as cotas na Uerj, o educador também antecipou que o governo do Rio pretende ampliar as ações afirmativas no ensino médio, com reserva de vagas no Colégio de Aplicação (CAp) da Uerj, o melhor do estado.

"Comunico aos estudantes que estiveram mobilizados que o governador [Sérgio Cabral] me mandou e-mail dizendo que determinou ao reitor da Uerj que produza urgentemente a minuta de um decreto para inclusão de cotas no CAp", informou na palestra.

A Agência Brasil entrou em contato com o governo do Rio que confirmou que o assunto está sendo estudado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Considerando as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) divulgadas ontem (22) pelo Ministério da Educação (MEC), o Cap-Uerj é a melhor escola pública do Rio e a 60ª do país. Para ingressar na escola é preciso participar de um sorteio no 1º ano do ensino fundamental ou passar em uma prova no 6º ano tão concorrida quanto o vestibular.

Durante evento na Uerj, frei David reforçou a necessidade de ações afirmativas para incluir negros nas universidades estaduais. As instituições federais já estão obrigadas por lei a reservar até 50% das vagas para cotas sociais e raciais no prazo de quatro anos.

Entre os dias 21 e 22, a Uerj reuniu especialistas para fazer um balanço e traçar perspectivas para ações afirmativas. Eles aprovaram uma carta com 12 recomendações para a política, que será encaminhada ao Ministério da Educação.

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