Brasil

Tucanos esperam que Alckmin desista de coordenar plano de governo de Covas

Aliados de Covas avaliam que o ex-governador tucano tomará decisão após indiciamento pela PF

 (Valter Campanato/Agência Brasil)

(Valter Campanato/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de julho de 2020 às 11h23.

Última atualização em 17 de julho de 2020 às 18h11.

O indiciamento do ex-governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin pela Polícia Federal por corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro ocorreu no momento em que a cúpula do PSDB paulista se preparava para anunciar que o tucano seria o coordenador do plano de governo da candidatura do prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), à reeleição.

Nos bastidores, o grupo ligado ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já resistia ao nome de Alckmin antes do indiciamento nessa quinta-feira, 16. Agora, a expectativa até entre interlocutores e auxiliares do prefeito é de que o ex-governador tome a iniciativa de desistir do posto.

Procurado, Alckmin não respondeu até o fechamento desta reportagem. Na quinta-feira, a defesa do ex-governador classificou o indiciamento de "injustificável" e "precipitado".

Os desdobramentos das investigações no âmbito da Operação Lava Jato sobre Alckmin e o senador José Serra (PSDB), denunciado pelo Ministério Público Federal no começo de julho, juntamente com a filha, Verônica, por lavagem de dinheiro transnacional, deixaram tucanos apreensivos. O temor é de que as acusações tenham impacto nas campanhas do PSDB para prefeituras em todo o Estado.

Diferentemente do que ocorreu com o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), alvo de um pedido de expulsão do partido pelos diretórios municipal e estadual após ser flagrado em um áudio pedindo dinheiro emprestado aos empresários da JBS, Serra e Alckmin têm sido poupados pela burocracia da legenda.

"Isso é a tentativa permanente de criminalizar a política feita por órgãos do Estado. É o mesmo padrão lavajatista, mas agora feito pelo aparelho do Estado. Nunca vão incriminar o Geraldo", disse José Aníbal, ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB, ao jornal O Estado de S. Paulo.

Em nota, o Diretório Estadual do PSDB disse que tem "absoluta confiança" na idoneidade do ex-governador. "A história do governador Geraldo Alckmin não deixa dúvidas sobre a sua postura de retidão, coerência e compromisso com o rigor da lei."

Sobre Serra, o partido afirmou: "O PSDB acredita no sistema judicial do País e defende as apurações na utilização de recursos públicos, ao mesmo tempo em que confia na história do senador José Serra e nos devidos esclarecimentos dos fatos."

Nas trincheiras de Doria, no entanto, a estratégia é isolar Alckmin e Serra e classificá-los como a "velha guarda" da sigla.

O discurso de um "novo" PSDB virou a palavra de ordem do governador e símbolo do partido estampado em banners e bandeiras na sede da legenda na Rua Estados Unidos, nos Jardins.

Doria chegou a defender até a mudança do nome do partido, mas a ideia não prosperou.

Acompanhe tudo sobre:Bruno CovasGeraldo AlckminPSDB

Mais de Brasil

STF nega liberdade condicional a ex-deputado Daniel Silveira

Três pessoas morrem soterradas em Taubaté, no interior de São Paulo

Governadores do Sudeste e Sul pedem revogação de decreto de Lula que regula uso de força policial

Pacote fiscal: Lula sanciona mudanças no BPC com dois vetos