Procurador ataca "truculência da tropa de choque" de Lula
No julgamento de Lula, Maurício Gerum afirmou ainda que é difícil imaginar que o sistema de drenagem dos cofres da Petrobras passasse ao largo do presidente
Reuters
Publicado em 24 de janeiro de 2018 às 09h42.
Última atualização em 24 de janeiro de 2018 às 10h08.
Porto Alegre / São Paulo - O procurador da República da 4ª Região, Maurício Gotardo Gerum, atacou, durante sua sustentação oral em julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal da Lava Jato, o que chamou de "tropa de choque" de apoiadores do ex-presidente que estaria tentando "contaminar o processo judicial" com "falta de maturidade democrática".
As declarações foram feitas durante a sessão da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que julga recurso de Lula contra a sentença do juiz federal Sérgio Moro no caso tríplex do Guarujá (SP), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ao lado de fora do Tribunal, nas ruas de Porto Alegre e outras capitais do País, manifestantes a favor e contra o ex-presidente aguardam o resultado da sessão.
Em manifesta crítica aos apoiadores de Lula, que dizem não haver provas para condenar o ex-presidente, Gerum afirmou que "por um cacoete de uma vida que já se acostumou as baixezas e vilanias que povoam o nosso caquético mundo político, patrocinou-se um movimento que procurou contaminar o processo judicial com essa falta de maturidade democrática".
"Uma tropa de choque com atuação nos mais diversos espectros foi criada para garantir a perpetuação de um projeto político pessoal, que não admite outra solução neste processo que não seja a absolvição", continuou;
Segundo Gerum, "às favas com o que há no processo, mais fácil dizer que o julgamento político, e que não é possível a condenação de réu é inocente". "Essas frases foram sendo repetidas como mantra a ponto de se transformarem em conceitos dogmáticos a quem vê no ex-presidente Lula o redentor de um país que está dando certo, segundo os mais diversos interesses".
"O processo judicial não é parlamentar. A técnica que caracteriza a decisão judicial é incompatível com a pressão popular. A truculência dessa tropa de choque no processo judicial está muito próxima de configurar o crime de coação no curso do processo", afirmou.
Discordando da pena de 9 anos e 6 meses de prisão imposta pelo juiz federal Sérgio Moro, o ex-presidente recorreu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a Corte de apelação da Lava Jato. Ele nega ser dono do imóvel do Guarujá, que é visto pelo magistrado, em sentença de julho de 2017, como propina de R$ 2,2 milhões da empreiteira OAS.
No início da sessão desta quarta-feira, 24, o presidente da 8ª Turma do TRF-4, Victor Laus, concedeu questão de ordem à defesa do ex-presidente para que sua fala fosse a última entre os advogados.
Em seguida, foi passada a palavra ao relator do processo, João Pedro Gebran Neto, que leu o resumo da sentença de Moro e dos pleitos das defesas e do Ministério Público Federal até às 9h14. O procurador se manifestou por cerca de 20 minutos.