Temo a negação da realidade da covid-19 no Brasil, diz Michelle Bachelet
Alta Comissária da ONU expressou preocupação com a situação da pandemia em países com "polarização crescente" e negacionismo
Clara Cerioni
Publicado em 30 de junho de 2020 às 12h04.
Última atualização em 30 de junho de 2020 às 12h06.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou preocupação com países que negam a realidade do contágio do novo coronavírus . Na abertura da 44ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, nesta terça-feira, 30, ela citou a situação no Brasil, Estados Unidos e outros países.
"Em Belarus, Brasil, Burundi, Nicarágua, Tanzânia e Estados Unidos, entre outros, temo que as declarações que negam a realidade do contágio do vírus e a polarização crescente das perguntas chave intensifiquem a gravidade da pandemia", afirmou.
Para ela, no mundo inteiro a covid-19 tem sido instrumentalizada para "limitar o direito de expressão das pessoas a sua participação na tomada de decisões que afetam suas vidas".
"Na Federação da Rússia, na China, no Kosovo, na Nicarágua e em vários países vejo informações sobre ameaças e intimidação contra os jornalistas, os blogueiros e os ativistas civis, em particular a nível local, com o objetivo aparente de desestimular as críticas à resposta das autoridades contra a covid-19", disse.
Bachelet também mencionou as severas restrições à liberdade de expressão, de associação e reunião pacífica no Egito, assim como a aplicação arbitrária e excessiva de medidas contra a pandemia em El Salvador.
"A censura e a criminalização dos discursos são suscetíveis de suprimir informações cruciais necessárias para enfrentar a pandemia", afirmou Bachelet, que pediu um combate à desinformação.
A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos também reiterou o apelo a favor da suspensão de parte das sanções internacionais "para garantir que os cuidados médicos e a ajuda sejam acessíveis a todos".
Ao contrário das críticas, Bachelet se disse encorajada pela abordagem “aberta e comunicativa” da Coreia do Sul, que, segundo ela, não abandonou ninguém na resposta à crise.