Brasil

Temer ficou marcado como patrocinador do golpe, diz ministro

Segundo o levantamento do Datafolha feito nos dias 7 e 8 de abril, 60% dos entrevistados querem a renúncia tanto de Dilma como de Temer


	Temer e Dilma: "ele tem mais rejeição do que a própria presidenta Dilma e é importante a gente registrar que isso sem ter exercido um dia de governo”
 (Ueslei Marcelino/ Reuters)

Temer e Dilma: "ele tem mais rejeição do que a própria presidenta Dilma e é importante a gente registrar que isso sem ter exercido um dia de governo” (Ueslei Marcelino/ Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2016 às 15h01.

O ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Jaques Wagner, disse hoje (11) que há grande rejeição de um eventual governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer no caso de a presidenta Dilma Rousseff sofrer impeachment.

Ele citou dados de uma pesquisa divulgada ontem (10) pelo Datafolha.

“Para o vice Michel Temer, é claro que ficou a marca de uma espécie de patrocinador do golpe porque a rua diz que ele tem mais rejeição do que a própria presidenta Dilma e é importante a gente registrar que isso sem ter exercido um dia de governo”, afirmou o ministro.

Segundo o levantamento do Datafolha feito nos dias 7 e 8 de abril, 60% dos entrevistados querem a renúncia tanto de Dilma como de Temer.

Enquanto 61% se dizem favoráveis ao impeachment da presidenta, 33% se dizem contrários a tal processo. Ainda segundo a pesquisa, 58% acham que Michel Temer deve sofrer impeachment.

Na pesquisa anterior, feita nos dias 17 e 18 de março, 68% eram favoráveis ao impeachment de Dilma e 27% eram contrários.

A Agência Brasil entrou em contato com a vice-presidência da República que afirmou, por meio da assessoria, que não vai se manifestar sobre as declarações de Wagner.

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff iniciou nesta manhã a última sessão de trabalho, 25 dias depois de ser instalada.

A comissão vota ainda hoje o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao impedimento.

De acordo com Wagner, o exercício do poder gera desgaste. “A presidenta está com mais de cinco anos de exercício de poder e, portanto, tem esse desgaste. Ele [Temer], simplesmente pela operação que ele fez agora recentemente, ganhou um desgaste muito grande. Portanto, a rua não está chamando pelo vice-presidente”, acrescentou Wagner, em referência à decisão do PMDB, partido de Temer, de deixar a base de apoio do governo Dilma no dia 29 de março.

Para Wagner, “o movimento pela legalidade no Brasil que é muito mais amplo do que o PT e do que o próprio governo da presidenta Dilma” tem aumento nas últimas semanas.

“As pessoas despertaram que esse golpe, pior do que o outro que era assumido [o golpe militar em 1964], esse é um golpe dissimulado. Tenta botar na cadeira da Presidência da República alguém que não teve votos para isso, portanto, é golpe na medida em que não há crime de responsabilidade [de Dilma]. Eu creio que isso [o processo de impeachment] vai se esticar por muito tempo porque, independentemente de resultados, ainda temos o Supremo Tribunal Federal para fazer a avaliação se é possível ter um afastamento de uma presidente eleita simplesmente pela vontade”, disse o ministro.

Wagner afirmou que impeachment não é remédio para impopularidade.

“É claro que nós sabemos que a presidenta tem uma popularidade baixa, mas o constituinte não criou o impeachment como recall. O que está se querendo fazer aqui é um artifício, uma estrada vicinal extremamente perigosa, que fragiliza a democracia brasileira e, o pior, não resolve nada", disse.

"Se já temos dificuldade com a presidenta que carrega a legitimidade de 54 milhões de votos, que dirá com um presidente que já vai entrar tropeçando na própria rejeição, na impopularidade e na manobra feita? Por isso, estamos trabalhando e acreditando que disputando na comissão [do impeachment na Câmara] e, principalmente, no plenário, é que a gente consegue barrar esse golpe dissimulado”, completou.

A pesquisa Datafolha apontou que a avaliação do governo Dilma continua negativa, mas apresentou uma melhora, na comparação com o levantamento feito em março.

Na última pesquisa, 63% dos entrevistados avaliaram o governo da petista como ruim ou péssimo; 24% como regular; e 13% como ótimo ou bom.

No mês anterior, os índices eram: 69% ruim, 21% regular e 10% ótimo ou bom. Os levantamentos têm margem de erro de dois pontos percentuais.

Segundo Wagner, a pesquisa Datafolha também mostrou que, apesar dos ataques à figura da presidenta, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, “o grande perdedor é o PSDB que viu os seus dois candidatos [Aécio Neves e Geraldo Alckmin] minguarem”.

Nas intenções de voto para as eleições presidenciais de 2018, o ex-presidente Lula lidera a corrida com 21% e 22% das intenções ao lado de Marina Silva (Rede), com 16% e 23% das intenções.

Em todos os cenários apresentados pela pesquisa, os candidatos tucanos registraram quedas nas intenções de voto.

Na comparação com a pesquisa feita em dezembro de 2015, Aécio Neves (PSDB) caiu 10 pontos percentuais, passando de 27% para 17%. Geraldo Alckmin (PSDB) caiu cinco pontos no mesmo período, passando de 14% para 9%; e José Serra (PSDB) registrou queda de 4 pontos (de 15% para 11%).

“Eles [candidatos tucanos] não conseguiram acumular [votos] até porque eles se aproximaram de teses extremamente conservadoras e até raivosas que estão sendo praticadas nas ruas nessa destilação de ódio que aconteceu. Eu creio que eles devem ter percebido que esse caminho não é o melhor”, afirmou Wagner.

Acompanhe tudo sobre:DatafolhaGovernadoresImpeachmentJaques WagnerMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 23 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP