Michel Temer: vice disse não acreditar na possibilidade de a investigação poder paralisar obras (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de novembro de 2014 às 16h14.
São Paulo - O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), disse nesta segunda-feira não acreditar que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, possa ter um impacto representativo sobre obras de infraestrutura no país.
"Uma é o combate aos ilícitos que eventualmente tenham sido praticados e outra coisa é a ação da iniciativa privada junto ao governo. As empresas continuarão a trabalhar independentemente do que venha a acontecer a seus diretores", disse Temer a jornalistas.
Na sexta-feira (14), em nova fase da operação, a PF prendeu pessoas ligadas a nove das maiores empreiteiras brasileiras, suspeitas de pagar propina no suposto esquema de lavagem de dinheiro na Petrobras.
O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que já defendeu políticos como o senador José Sarney (PMDB-AP), disse no fim de semana que caso as empreiteiras sejam declaradas inidôneas haveria o risco de se paralisar o país.
Temer ressalvou não ser especialista no tema, mas disse não acreditar na possibilidade de a investigação ter esse tipo de impacto.
Michel Temer reiterou que o PMDB, partido que preside, não teve participação institucional no possível esquema de corrupção envolvendo a estatal.
Ele negou que houvesse um operador da legenda coordenando desvios, apontado pelas denúncias até aqui como Fernando Soares, o Fernando Baiano.
"Nós do PMDB, institucionalmente, não conhecemos esse cidadão, não temos contato com ele. Institucionalmente não há nada. O que pode haver é um contato eventual de um ou integrante do PMDB, mas não do partido."
Temer também reforçou a mensagem de que todas as doações, inclusive de empreiteiras, foram feitas de forma regular às campanhas do partido.
"Já disse em nota, reitero aqui, que as contribuições que vieram para o PMDB vieram pela via institucional e as contas foram prestadas regularmente", afirmou.
Presidência da Câmara
Michel Temer afirmou que a defesa que fez da harmonia entre os poderes, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo no fim de semana, não se refere necessariamente à harmonia entre pessoas que estão à frente dos poderes.
"Não há essa história de quem ocupa um poder sobrelevar-se em relação a ele. Quem ocupa o poder, chefia o Executivo, o Legislativo, o Judiciário, há de submeter-se à Constituição. Por isso não tenho nenhuma preocupação em relação a quem vá ou não presidir a Câmara dos Deputados e o Senado Federal."
O candidato do PMDB à presidência da Câmara, Eduardo Cunha, é visto como um quadro de oposição pelo governo.
Temer veio à capital paulista para receber o príncipe Guillaume de Luxemburgo e o ministro das Finanças do Grão-Ducado, Pierre Gramegna, que participam, ao longo da semana, de uma visita empresarial e financeira ao país.
O vice-presidente concedeu coletiva de imprensa após audiência com as autoridades no aeroporto de Congonhas.