TCU aprova contas de 2016 de Dilma e Temer com ressalvas
O ministro do TCU, Bruno Dantas, estabeleceu que "as contas estão em condições de serem aprovadas pelo Congresso Nacional, com ressalvas"
Agência Brasil
Publicado em 28 de junho de 2017 às 13h06.
Última atualização em 28 de junho de 2017 às 16h13.
O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou hoje (28), com ressalvas, as contas do governo federal relativas ao ano de 2016, quando a Presidência da República foi ocupada primeiro por Dilma Rousseff (de 1º de janeiro a 11 de maio) e, em seguida, pelo atual presidente, Michel Temer (de 12 de maio a 31 de dezembro).
O parecer prévio elaborado pelo ministro-relator Bruno Dantas foi aprovado por unanimidade após acolher as sugestões apresentadas pelos demais ministros.
O relatório final será entregue ao Congresso Nacional, responsável por dar a última palavra sobre a regularidade das contas da Presidência da República.
A apreciação abrange a análise das contas consolidadas de ministérios e outros órgãos e entidades dependentes do orçamento federal.
Como no ano passado o Palácio do Planalto foi ocupado por dois mandatários, o ministro-relator elaborou dois pareceres prévios: um relativo às contas de Dilma e outro às contas de Temer. O objetivo, segundo Dantas, foi individualizar as responsabilidades para cada período de gestão.
Em seu parecer, Dantas destacou entre as ressalvas a opção do governo pela política de renúncia fiscal, prática que, segundo ele, se intensificou nos últimos anos.
De acordo com o relator, os gastos do governo federal com a concessão de benefícios tributários cresceram 133% entre 2009 e 2016, em valores absolutos.
Só no ano passado, o governo federal abriu mão de receber R$ 377,8 milhões: R$ 213,1 bi em benefícios tributários; R$ 57,7 bi em benefícios tributário-previdenciários e R$ 106,9 bi em benefícios financeiros e creditícios.
Ainda de acordo com o ministro-relator, embora no ano passado o total de benefícios concedidos por meio de renúncia fiscal tenha recuado 2% em comparação a 2015, três leis e duas medidas provisórias publicadas em 2016 não atenderam aos requisitos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
No parecer, Dantas também apontou distorções nos balanços orçamentário e patrimonial do governo, como o "remanejamento irregular" de R$ 40 bilhões de despesa da dívida pública em função do cancelamento de despesas já empenhadas, liquidadas e pagas, além do fato de 87% dos imóveis destinados à reforma agrária que estão sob responsabilidade do Instituo Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) não estarem devidamente contabilizados no Balanço Geral da União.
Também foi identificada uma diferença para baixo de mais de 1.400% entre o valor dos imóveis registrados e o valor de mercado, o que representa uma subavaliação de cerca de R$ 227 bilhões.
O ministro-relator apontou ainda uma série de resultados econômicos ruins que afetaram negativamente as contas públicas, como o fato do Produto Interno Bruto (PIB) real per capita ter encolhido 4,4% e a taxa de desemprego ter subido de 9,5%, em janeiro, para 12%, em dezembro.
A taxa de inflação anual, de 6,29%, superou o centro da meta, de 4,5% e quase atingiu o limite superior previsto, 6,5%.
Todavia, ficou significativamente abaixo dos 10,6% registrados em 2015. O déficit da União atingiu R$ 159,5 bilhões, ou 2,5% do PIB, enquanto a dívida pública alcançou R$ 2,89 trilhões - de acordo com o ministro Aroldo Cedraz, em boa medida devido às altas taxas de juros com que o Brasil remunera seus credores.
Os ministros do TCU também manifestaram preocupação com a situação da Previdência Social. Segundo Dantas, o déficit previdenciário atingiu R$ 226,89 bilhões, ou 3,6% do PIB. Em 2007, era da ordem de R$ 83,2 bi.
O ministro Aroldo Cedraz, no entanto, destacou a dificuldade da União de cobrar seus devedores, o que, segundo ele, afeta também a Previdência.
Citando dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Cedraz afirmou que apenas os 100 maiores devedores da Previdência devem, conjuntamente, mais de R$ 50 bilhões.