IBGE: Idoso trabalhando em regime home-office ( Luis Alvarez/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 16 de fevereiro de 2024 às 15h19.
No quarto trimestre de 2023, a taxa de participação dos idosos no mercado de trabalho voltou a alcançar o patamar pré-pandemia, enquanto a dos jovens permanece aquém do pré-crise sanitária. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados nesta sexta-feira, 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de participação - que mostra a proporção de pessoas em idade de trabalhar que efetivamente estão participando do mercado de trabalho, seja trabalhando seja procurando emprego - foi de 62,2% no quarto trimestre de 2023, ainda aquém dos 63,6% vistos no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia de covid-19.
Entre os idosos, com 60 anos ou mais, a taxa de participação no quarto trimestre de 2023 foi de 24,0%, mesmo patamar registrado no quarto trimestre de 2019. Na faixa etária de 40 a 59 anos, a taxa de participação ficou em 74,6% no quarto trimestre de 2023, acima dos 74,5% vistos no quarto trimestre de 2019.
"As maiores distâncias entre a taxa atual de participação vis-à-vis a taxa de participação lá no quarto trimestre de 2019, essa distância é maior nos grupos etários mais jovens, sobretudo no de 14 a 17 anos e no de 18 anos a 24 anos de idade", apontou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
No grupo etário de adolescentes de 14 a 17 anos, a taxa de participação foi de 16,7% no quarto trimestre de 2023, ainda aquém dos 18,7% registrados no quarto trimestre de 2019.
Na faixa de 18 a 24 anos, a taxa ficou em 68,6% no quarto trimestre de 2023, ante 70,0% no quarto trimestre de 2019.
No grupo de 25 a 39 anos, a taxa foi de 81,9% no quarto trimestre de 2023, ante 83,1% no quarto trimestre de 2019.
Segundo Beringuy, a taxa de participação ainda aquém do pré-pandemia entre os jovens pode ser explicada por mais barreiras à entrada no mercado de trabalho ou por uma maior priorização da escolarização.
"A gente sabe que a população jovem já enfrenta mais barreiras à entrada no mercado de trabalho, e, uma vez estando no mercado de trabalho, é a população que apresenta mais rotatividade. Então a gente não sabe a que ponto o panorama trazido ao mercado de trabalho durante a pandemia pode ter trazido mais restrições, ou aumentado barreiras, ou mudado a permanência desses jovens no mercado de trabalho", mencionou Beringuy.
Beringuy lembrou também que os últimos dados divulgados sobre o acesso à educação mostraram um crescimento da taxa de escolarização nos grupos de adolescentes de 14 a 17 anos e de jovens adultos de 18 a 24 anos.
"Então é possível que a gente tenha esses dois fatores. A gente não sabe até que ponto é mais barreiras à entrada, ou, principalmente entre os adolescentes, uma maior permanência na escola. Isso pode ter contribuído para uma menor taxa de participação", disse Beringuy.
A coordenadora lembrou ainda que o aumento na população ocupada e na renda domiciliar advinda do trabalho pode permitir que os jovens da família se dediquem mais aos estudos.
"Tem mais gente trabalhando e gerando renda, isso, de fato, tende a aumentar a renda do trabalho", confirmou Beringuy. "É possível que esse incremento da renda faça com que os moradores mais jovens, ou pelo menos os que ainda estão em fase de formação e escolarização, dediquem mais tempo ao estudo."