Tatuagem se populariza e ganha corpos, ruas e areias do Rio
No Rio, a tatuagem escapou da boemia dos cais e dos marinheiros em meados da década de 1970 para ganhar as ruas de Copacabana, Ipanema e Leblon
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 16h02.
Rio de Janeiro - Ao ver os cariocas que passam pelas ruas do Rio de Janeiro , é difícil não perceber que, além do suor provocado pelas temperaturas escaldantes de quase 40 graus, muitos levam na pele o desenho de uma tatuagem.
Do morador da favela à senhora de 70 anos, passando por surfistas, juízes, médicas e donas-de-casa; levar uma imagem no corpo caiu no gosto do carioca.
"[A tatuagem] é o ornamento perfeito para quem mora num lugar onde é imperativo andar com pouca roupa", explica a antropóloga Alessandra Santa Rosa, autora de uma pesquisa que mapeou a cultura da tatuagem no Rio de Janeiro.
"Quando muitos se vestem para expressar uma parte de sua personalidade, o carioca faz isso mostrando o corpo".
No Rio, a tatuagem escapou da boemia dos cais e dos marinheiros em meados da década de 1970 para ganhar as ruas de Copacabana, Ipanema e Leblon.
"Chegava à cidade a cultura do surfe, e nascia o fenômeno do 'menino do Rio'", diz Santa Rosa.
Caio Freire foi um dos primeiros tatuadores a se instalar em Ipanema, no início dos anos 1980.
Na galeria River, reduto de surfistas e esqueitistas, ele viu crescer o amor dos cariocas pela arte corporal. "Hoje fico impressionado com a quantidade de pessoas querendo se tatuar, gente de todas as idades e classes sociais", conta.
Arte na praia
Nas areias das praias cariocas, corpos torneados pela academia, e outros nem tanto, desfilam os mais variados desenhos.
Afinal, é a caminho do mar que se forma a melhor passarela para as tatuagens.
"Primeiro a gente fica em forma, depois presenteia o corpo com um belo desenho", brinca a professora Fabiana Santos de Lima, 32 anos, que levou suas duas tatuagens para um banho de sol nas areias de Copacabana.
"Uma das principais razões pelas quais o Rio tem cada vez mais pessoas tatuadas é essa relação das pessoas com o corpo e a praia", acredita o tatuador Marquinhos Carvalho, 26 anos. Com a agenda cheia até maio deste ano, o artista diz que querer mostrar a tatuagem usando biquíni ou sunga é um fetiche da maioria de seus clientes, independentemente da idade ou do gênero.
Para a consultora de moda Roberta Friedmann, mais pessoas estão se tatuando por vincularem o desenho ao cuidado ao corpo. "Estamos num momento de maior preocupação com o bem-estar e a qualidade de vida". Friedmann diz que outro fator importante para essa popularização seria o jeito como o carioca se veste, "muito orgânico e ligado à natureza da cidade".
Sucesso crescente
Prova do sucesso das tatuagens na Cidade Maravilhosa, é a realização do Rio Tattoo Week, um evento anual que reúne expositores e atrações do Brasil e do mundo para divulgar a arte da tatuagem. A edição de 2014, que terminou neste domingo, teve público estimado em 20 mil pessoas.
"A cena da tatuagem no Rio de Janeiro cresceu muito nos dois últimos anos", disse à AFP Hélida Yanna, uma das organizadoras da Rio Tattoo Week. Para ela, o trunfo do evento é conseguir atrair um público variado, tipicamente carioca.
Entre os corajosos que se entregavam pela primeira vez às agulhas de um tatuador estava Sávio Rabelo, 37 anos. Corretor de seguros e pai de dois meninos, ele tatuou uma pantera no antebraço. "Decidi me tatuar durante o evento depois que minha esposa embarcou na onda", disse ele à AFP enquanto fazia o procedimento, com os olhos levemente marejados pela dor.
Pela primeira vez na Rio Tatto Week, o tatuador Daniel Dee, que atua em Estocolmo, disse que os cariocas estão em sintonia com as tendências mundiais. "As tatuagens que faço aqui são as mesmas que faço no meu estúdio [na Suécia]".
Atrações da convenção, os tatuadores Gabriela e Victor Peralta entraram para o Livro Guinness dos Recordes por terem juntos 77 modificações corporais.
"Acho incrível a versatilidade dos cariocas para a tatuagem. Aqui há espaço para tudo", disse à AFP o uruguaio Victor, que traz o nome "Rio" ao lado de uma bandeira do Brasil tatuado no braço. Para a argentina Gabriela, chama a atenção o uso das cores. "Combina com o temperamento dos cariocas, muito alegres e festivos".
Rio de Janeiro - Ao ver os cariocas que passam pelas ruas do Rio de Janeiro , é difícil não perceber que, além do suor provocado pelas temperaturas escaldantes de quase 40 graus, muitos levam na pele o desenho de uma tatuagem.
Do morador da favela à senhora de 70 anos, passando por surfistas, juízes, médicas e donas-de-casa; levar uma imagem no corpo caiu no gosto do carioca.
"[A tatuagem] é o ornamento perfeito para quem mora num lugar onde é imperativo andar com pouca roupa", explica a antropóloga Alessandra Santa Rosa, autora de uma pesquisa que mapeou a cultura da tatuagem no Rio de Janeiro.
"Quando muitos se vestem para expressar uma parte de sua personalidade, o carioca faz isso mostrando o corpo".
No Rio, a tatuagem escapou da boemia dos cais e dos marinheiros em meados da década de 1970 para ganhar as ruas de Copacabana, Ipanema e Leblon.
"Chegava à cidade a cultura do surfe, e nascia o fenômeno do 'menino do Rio'", diz Santa Rosa.
Caio Freire foi um dos primeiros tatuadores a se instalar em Ipanema, no início dos anos 1980.
Na galeria River, reduto de surfistas e esqueitistas, ele viu crescer o amor dos cariocas pela arte corporal. "Hoje fico impressionado com a quantidade de pessoas querendo se tatuar, gente de todas as idades e classes sociais", conta.
Arte na praia
Nas areias das praias cariocas, corpos torneados pela academia, e outros nem tanto, desfilam os mais variados desenhos.
Afinal, é a caminho do mar que se forma a melhor passarela para as tatuagens.
"Primeiro a gente fica em forma, depois presenteia o corpo com um belo desenho", brinca a professora Fabiana Santos de Lima, 32 anos, que levou suas duas tatuagens para um banho de sol nas areias de Copacabana.
"Uma das principais razões pelas quais o Rio tem cada vez mais pessoas tatuadas é essa relação das pessoas com o corpo e a praia", acredita o tatuador Marquinhos Carvalho, 26 anos. Com a agenda cheia até maio deste ano, o artista diz que querer mostrar a tatuagem usando biquíni ou sunga é um fetiche da maioria de seus clientes, independentemente da idade ou do gênero.
Para a consultora de moda Roberta Friedmann, mais pessoas estão se tatuando por vincularem o desenho ao cuidado ao corpo. "Estamos num momento de maior preocupação com o bem-estar e a qualidade de vida". Friedmann diz que outro fator importante para essa popularização seria o jeito como o carioca se veste, "muito orgânico e ligado à natureza da cidade".
Sucesso crescente
Prova do sucesso das tatuagens na Cidade Maravilhosa, é a realização do Rio Tattoo Week, um evento anual que reúne expositores e atrações do Brasil e do mundo para divulgar a arte da tatuagem. A edição de 2014, que terminou neste domingo, teve público estimado em 20 mil pessoas.
"A cena da tatuagem no Rio de Janeiro cresceu muito nos dois últimos anos", disse à AFP Hélida Yanna, uma das organizadoras da Rio Tattoo Week. Para ela, o trunfo do evento é conseguir atrair um público variado, tipicamente carioca.
Entre os corajosos que se entregavam pela primeira vez às agulhas de um tatuador estava Sávio Rabelo, 37 anos. Corretor de seguros e pai de dois meninos, ele tatuou uma pantera no antebraço. "Decidi me tatuar durante o evento depois que minha esposa embarcou na onda", disse ele à AFP enquanto fazia o procedimento, com os olhos levemente marejados pela dor.
Pela primeira vez na Rio Tatto Week, o tatuador Daniel Dee, que atua em Estocolmo, disse que os cariocas estão em sintonia com as tendências mundiais. "As tatuagens que faço aqui são as mesmas que faço no meu estúdio [na Suécia]".
Atrações da convenção, os tatuadores Gabriela e Victor Peralta entraram para o Livro Guinness dos Recordes por terem juntos 77 modificações corporais.
"Acho incrível a versatilidade dos cariocas para a tatuagem. Aqui há espaço para tudo", disse à AFP o uruguaio Victor, que traz o nome "Rio" ao lado de uma bandeira do Brasil tatuado no braço. Para a argentina Gabriela, chama a atenção o uso das cores. "Combina com o temperamento dos cariocas, muito alegres e festivos".