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Surto de Influenza no Rio: sintomas podem ser confundidos com a covid-19

Cobertura vacinal contra a gripe chegou a apenas 57% do público alvo da campanha na cidade. Enquanto houver imunizantes, qualquer um pode se vacinar na rede pública

 (Ricardo Moraes/Reuters)

(Ricardo Moraes/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 23 de novembro de 2021 às 21h16.

Com sintomas parecidos com a Covid-19, a Influenza é um vírus respiratório que possui uma transmissão parecida com o coronavírus. Na última semana, o Rio convive com um aumento repentino de casos de Influenza A na cidade e, segundo a secretaria municipal de Saúde, a cidade vive um surto da doença. Por isso, reforça que a vacina da gripe continua disponível para toda a população nas Clínicas da Família e nos postos de saúde da cidade, de segunda a sexta-feira, de 8h às 17h.

O imunizante está sendo ofertado para todos (exceto para crianças com menos de seis meses de idade) e pode ser aplicado no mesmo dia da vacinação contra a Covid-19. Durante a campanha de vacinação contra o coronavírus, entretanto, a secretaria havia determinado um intervalo de duas semanas entre os dois imunizantes.

Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a cobertura vacinal do grupo alvo da campanha de vacinação da gripe foi de apenas 57% da população. Apesar do encerramento oficial da campanha em agosto, enquanto houver imunizantes, será possível se vacinar contra a Influenza na rede pública.

— Temos cerca de 400 mil doses da vacina contra a gripe nas unidades de saúde do município, o que é suficiente para vacinarmos durante um longo período. Só solicitaremos mais doses ao Ministério da Saúde se for necessário, o que, pelo menos, ainda não aparenta ser. A gente nunca espera que tenha surto de gripe nessa época do ano, porque isso é uma característica dos meses de inverno, mas também era de se esperar que, quando houvesse uma baixa nos casos de Covid, outra doença respiratória poderia ressurgir: tivemos pouquíssimos casos de Influenza nos últimos dois anos, o que indica que temos muitas pessoas suscetíveis à doença ainda — disse Soranz.

Ele explicou ainda que não foram encontradas evidências de que existam efeitos colaterais quando as vacinas para Covid-19 e Influenza e que, por isso, o protocolo da pasta de fazer um intervalo de 15 dias entre os dois imunizantes foi abolido.

— Ainda não temos dados consolidados sobre quantos testes deram positivo para a Influenza na última semana, estamos trabalhando com amostragens. Mas menos de 3% dos casos testados nesse período apresentaram positividade para Covid-19. A principal estratégia para conter a disseminação é vacinar contra a gripe: apesar de ser menos letal do que a Covid, merece toda a atenção, principalmente para grupos que costumam ter sintomas mais graves, como crianças de até seis anos, gestantes e idosos — concluiu o secretário.

Há duas principais formas de contaminação. A primeira, de forma direta, ocorre ao ter contato com secreções das vias respiratórias de alguém que está contaminado ao conversar, espirrar ou tossir. Também há possibilidades de contaminação de forma indireta, ao tocar em superfícies contaminadas e levar as mãos aos olhos, bocas e nariz.

Sintomas de Influenza

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Dor nos músculos;
  • Calafrios;
  • Fraqueza;
  • Tosse seca;
  • Dor de garganta;
  • Espirros e coriza;
  • Dispneia (falta de ar)

A infectologista Tânia Vergara explica que sem o teste é impossível distinguir se a pessoa com sintomas está contaminada com a Covid-19 ou outro vírus respiratório. A presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro aind diz que os cuidados são os mesmos: preferir ambientes arejados, uso de máscara e higiene das mãos.

— O correto é adotarmos o que á acontece em países asiáticos, por exemplo. Em casos de sintomas prefira ficar em casa e, caso saia, utilize a máscara. Os sintomas são muito parecidos, então procure uma unidade de saúde pública para fazer o teste da Covid-19

A lista de grupos prioritários contra a gripe é vasta. Inclui crianças, gestantes, puérperas, povos indígenas, trabalhadores da saúde, idosos, professores, pessoas com comorbidades ou deficiências permanentes, caminhoneiros, trabalhadores do transporte coletivo rodoviário, trabalhadores portuários, membros das forças de segurança e do Exército, funcionários do sistema prisional, jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade

Corrida por assistência

Moradora de Copacabana, Miriam Cavalcante foi ao posto de saúde da Rua Siqueira Campos para se vacinar após ficar sabendo do aumento de casos de gripe pelos jornais.

— Soube que tem um surto de Influenza na Rocinha e em outros locais, e que as UPAs já estão cheias também. Eu estava cumprindo o cronograma da imunização contra a Covid, então acabei não tomando a vacina contra a gripe. A minha filha e a minha neta tiveram gripe recentemente e ficaram bem mal, com mais de 40 graus de febre, e 15 dias de cama. Se elas, que são mais jovens, ficaram mal, preciso me prevenir — disse a idosa de 65 anos.

Após passar a segunda-feira lotada de pessoas com suspeita de síndrome gripal em busca de atendimento, a situação se repete hoje na UPA da Rocinha, porém num grau um pouco menor. Na tarde desta terça-feira, algumas pessoas se concentravam na entrada da unidade, se queixando de sintomas parecidos com os da Covid-19, como dor de cabeça, dor no corpo, calafrios, febre, mal estar e resfriado. A prefeitura explica que, na última semana, constatou-se um aumento de resultados positivos para Influenza A (gripe) nas amostras coletadas em unidades de saúde.

Apesar de mais vazia do que na tarde desta segunda-feira, alguns pacientes ainda aguardavam atendimento do lado de fora da UPA da Rocinha por volta das 13h. Uma delas era a moradora Pâmela de Melo, que esperava ser atendida por estar com dores no corpo e de cabeça, tosse, falta de ar e febre. Os sintomas persistem há uma semana.

— A falta de ar foi o primeiro sintoma, mas ontem comecei a sentir febre de 39 graus. Na minha família, todo mundo pegou essa gripe. Fizemos os testes para Covid ontem na Gávea, mas eles deram negativo. Agora, vou tentar fazer o teste para gripe — detalhou a doméstica.

Enquanto Pâmela aguardava atendimento na UPA, a comerciante Marilene Costa tinha acabado de receber seu resultado negativo para Covid. Desde domingo, ela alega sentir muitas dores no corpo, de cabeça e de garganta.

— Os sintomas começaram domingo. Minha garganta está muito inflamada e a médica disse que é gripe — contou a idosa.

Apesar de haver mais relatos de casos de Influenza A na Rocinha, cariocas de outras regiões do Rio também contam estar com os sintomas da doença. Após ter sintomas de resfriado desde a manhã desta segunda-feira, Gustavo de Melo, morador da Tijuca, foi até um posto de saúde do bairro para fazer o teste para Covid nesta terça. O resultado deu negativo e o profissional de saúde que lhe atendeu disse que a suspeita era de Influenza. A confirmação do diagnóstico sai em três dias.

— Ontem (segunda), quando acordei, percebi que tinha perdido o apetite, o que me deixou preocupado achando que estava com Covid. Ao longo do dia, foi piorando: dor de cabeça, enjoo, dor de barriga, coriza e calafrios. Passei a madrugada muito mal. Hoje, fui ao posto e o médico me receitou um expectorante, um analgésico e um spray nasal. Agora, aguardo o resultado do teste para Influenza — contou o analista de sistemas de 28 anos.

O mesmo aconteceu com Gustavo Gama, morador do Cachambi, que foi até um posto no Méier nesta terça-feira.

— Estou há uns três ou quatro dias com moleza, dor de cabeça, coriza e os olhos lacrimejando muito. Passei no posto para buscar atendimento e me informaram que era gripe mesmo. Achei estranho porque já tomei as duas doses da vacina da Covid e, inclusive, já peguei a doença. Os sintomas são muito parecidos, só não perdi o olfato — detalhou o engenheiro.

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