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SP vai rastrear prédios vazios para cobrar IPTU maior

Setenta e oito endereços na região central da cidade foram notificados e, até o fim de novembro, mais 500 imóveis deverão fazer parte da lista


	Imóveis: proprietários têm prazo de 15 dias para contestar a inclusão na lista
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Imóveis: proprietários têm prazo de 15 dias para contestar a inclusão na lista (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2014 às 07h00.

São Paulo - Desde a quinta-feira, São Paulo se tornou a primeira cidade do País a regulamentar a cobrança de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo de proprietários de imóveis vazios.

Setenta e oito endereços na região central da cidade foram notificados e, até o fim de novembro, com base em um rastreamento em toda a capital que já foi iniciado, mais 500 imóveis deverão fazer parte da lista.

Segundo o prefeito Fernando Haddad (PT), a medida servirá para combater a especulação imobiliária e baratear o valor de apartamentos e aluguéis. Os proprietários têm prazo de 15 dias para contestar a inclusão na lista. Depois disso, terão um ano para regularizar a situação.

Caso isso não ocorra, o IPTU começará a ser aumentado de forma progressiva. Exemplo: um imóvel hoje paga alíquota de 2%. Se for ocioso, passará a pagar 4%, valor que dobrará até alcançar o teto de 15%.

A partir do quinto ano, o dono poderá até perder a propriedade. "Qualquer imóvel pode ser desapropriado", disse Haddad. "A diferença é que, no IPTU progressivo, a indenização pode ser paga com títulos da dívida pública", explicou.

O prefeito destacou o fato de São Paulo ser a primeira cidade a fazer uso dessa ferramenta, prevista desde a criação do Estatuto da Cidade, em 2001. "Estamos fazendo algo revolucionário: cumprindo a lei", ressaltou.

Mas iniciativas anteriores não surtiram efeito. Uma lei de 2011 já obrigava a Prefeitura a notificar donos de imóveis sem uso - à época, foram identificados 122 mil. Em 2012, porém, houve 1.053 notificações "para esclarecimentos".

Para estar sujeito ao IPTU maior, o imóvel terá de ter mais de 500 metros quadrados e estar em área de interesse social (ZEIS) urbanização consolidada ou do centro expandido. Lotes vazios com essa metragem, ou cuja construção seja menor do que o coeficiente mínimo de aproveitamento da área, estarão na mira da Prefeitura, além de prédios com pelo menos 60% da área desocupada.

"Nosso objetivo não é aumentar a arrecadação nem desapropriar os imóveis", disse o secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Melo Franco. A emissão de títulos é uma forma de empréstimo - a Prefeitura os resgata anos depois. Mas isso só será possível depois de a cidade renegociar a dívida com a União.

A administração fez parceria com AES Eletropaulo e a Comgás para verificar o consumo de imóveis e descobrir quais estão vazios. Se a propriedade for alvo de disputa judicial estará fora das regras. Isso não vale para espólios e heranças.

Repercussão

Tanto o sindicato da habitação (Secovi) quanto o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) avaliaram que a medida vai baratear imóveis e aluguéis. Para o coordenador do MTST, Josué Augusto do Amaral Rocha, "o IPTU progressivo é justo". "Ele é aplicado nos imóveis que são objeto de especulação, que estão nas áreas mais valorizadas, justamente aquelas que recebem mais infraestrutura pública."

O presidente do Secovi, Cláudio Bernardes, ressalta que a liberação de imóveis parados, como terrenos, pode baratear os custos. Mas faz duas ressalvas. "Apesar de o Plano Diretor da cidade prever o IPTU progressivo para imóveis vazios, a Constituição fala de solo urbano não edificado, o que pode resultar em questionamentos judiciais da regra."

Bernardes também afirma que, pelas regras de progressão, a partir do 7º ano de ociosidade, o proprietário terá pago 100% do valor do imóvel em impostos. "Isso também poderá ser questionado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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