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Sonia Braga rebate críticas de ministro da Cultura

Marcelo Calero criticou duramente a manifestação de artistas brasileiros no Festival de Cannes contra o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff

Sônia Braga: “Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade”, diz o início do texto (Eric Gaillard / Reuters)
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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2016 às 21h26.

O Ministro da Cultura no governo Michel Temer, Marcelo Calero, criticou duramente a manifestação de artistas brasileiros no Festival de Cannes contra o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff .

Durante o evento realizado em maio, o cineasta Kleber Mendonça, a atriz Sonia Braga, Maeve Jinkings e outros integrantes do filme Aquarius exibiram cartazes com os dizeres do tipo: “54 milhões de votos foram queimados”; “Nós resistiremos” e “O povo não pode aceitar um governo ilegítimo”.

Neste domingo (5), no programa de entrevistas Preto no Branco, exibido no Canal Brasil, o ministro classificou o protesto como “quase infantil”, dizendo:

"Eu acho muito ruim. Como qualquer manifestação, tem que ser respeitada, isso está fora de questionamento. Agora, acho ruim, em nome de um posicionamento político pessoal, causar prejuízos à reputação e à imagem do Brasil"
(...)
"Estão comprometendo [a imagem do país] em nome de uma tese política, e isso é ruim. Eu acho até um pouco totalitário, porque você quer pretender que aquela sua visão específica realmente cobre a imagem de um país inteiro. Eu acho que a democracia precisa ser respeitada e acho que é um desrespeito falar em golpe de Estado com aqueles que viveram o golpe realmente, o de 1964. Pessoas morreram. E as pessoas esquecem isso. Então eu acho [o protesto] de uma irresponsabilidade quase infantil."

Sonia Braga usou seu perfil no Facebook para responder às críticas do Ministro da Educação. “Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade”, diz o início do texto da atriz publicado nesta segunda (6).

Em tom professoral, Sonia resgata informações sobre a criação da Lei que regulamenta a profissão de artista no Brasil, promulgada em 1978; recorda seu papel de destaque na história do cinema brasileiro e declara que a ofensa do ministro aos artistas brasileiros “é inadmissível”.

"Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro? Isso é desconhecimento do que significa plena democracia", aponta.

Leia o texto na íntegra:

"A FOTO É A MESMA O RECADO É NOVO:

Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade.

Eu, só de profissão, tenho 50.

Na época da Abertura, os artistas não tinham sequer uma lei que regulasse a profissão. Essa lei foi promulgada em 1978, depois de muita luta, da qual tive a honra de participar.

Naquela época, acredito, o senhor Marcelo ainda não havia nascido. Por isso, não deve ainda ter tido tempo de aprender sobre os nossos problemas e os nossos direitos.

E pouco se importou, ou não notou, que uma atriz brasileira era campeã de bilheteria do cinema brasileiro e sustentou este título por 30 anos - também ganhando, com filmes brasileiros, além de projeção internacional, muitos prêmios no exterior, promovendo assim o nome de Brasil e de nossa cultura.

Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro?

Isso é desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato.

Uma coisa é certa: estamos juntos.

O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora.

A propósito, as críticas para Aquarius foram fabulosas. Quatro estrelas em jornais franceses, italianos, poloneses, russos e três citações no The New York Times. Ponto grande para a imagem da cultura brasileira no exterior.

Senhor Ministro, não podemos perder as nossas conquistas. Sobretudo a mais importante delas, o respeito."

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O Ministro da Cultura no governo Michel Temer, Marcelo Calero, criticou duramente a manifestação de artistas brasileiros no Festival de Cannes contra o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff .

Durante o evento realizado em maio, o cineasta Kleber Mendonça, a atriz Sonia Braga, Maeve Jinkings e outros integrantes do filme Aquarius exibiram cartazes com os dizeres do tipo: “54 milhões de votos foram queimados”; “Nós resistiremos” e “O povo não pode aceitar um governo ilegítimo”.

Neste domingo (5), no programa de entrevistas Preto no Branco, exibido no Canal Brasil, o ministro classificou o protesto como “quase infantil”, dizendo:

"Eu acho muito ruim. Como qualquer manifestação, tem que ser respeitada, isso está fora de questionamento. Agora, acho ruim, em nome de um posicionamento político pessoal, causar prejuízos à reputação e à imagem do Brasil"
(...)
"Estão comprometendo [a imagem do país] em nome de uma tese política, e isso é ruim. Eu acho até um pouco totalitário, porque você quer pretender que aquela sua visão específica realmente cobre a imagem de um país inteiro. Eu acho que a democracia precisa ser respeitada e acho que é um desrespeito falar em golpe de Estado com aqueles que viveram o golpe realmente, o de 1964. Pessoas morreram. E as pessoas esquecem isso. Então eu acho [o protesto] de uma irresponsabilidade quase infantil."

Sonia Braga usou seu perfil no Facebook para responder às críticas do Ministro da Educação. “Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade”, diz o início do texto da atriz publicado nesta segunda (6).

Em tom professoral, Sonia resgata informações sobre a criação da Lei que regulamenta a profissão de artista no Brasil, promulgada em 1978; recorda seu papel de destaque na história do cinema brasileiro e declara que a ofensa do ministro aos artistas brasileiros “é inadmissível”.

"Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro? Isso é desconhecimento do que significa plena democracia", aponta.

Leia o texto na íntegra:

"A FOTO É A MESMA O RECADO É NOVO:

Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade.

Eu, só de profissão, tenho 50.

Na época da Abertura, os artistas não tinham sequer uma lei que regulasse a profissão. Essa lei foi promulgada em 1978, depois de muita luta, da qual tive a honra de participar.

Naquela época, acredito, o senhor Marcelo ainda não havia nascido. Por isso, não deve ainda ter tido tempo de aprender sobre os nossos problemas e os nossos direitos.

E pouco se importou, ou não notou, que uma atriz brasileira era campeã de bilheteria do cinema brasileiro e sustentou este título por 30 anos - também ganhando, com filmes brasileiros, além de projeção internacional, muitos prêmios no exterior, promovendo assim o nome de Brasil e de nossa cultura.

Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro?

Isso é desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato.

Uma coisa é certa: estamos juntos.

O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora.

A propósito, as críticas para Aquarius foram fabulosas. Quatro estrelas em jornais franceses, italianos, poloneses, russos e três citações no The New York Times. Ponto grande para a imagem da cultura brasileira no exterior.

Senhor Ministro, não podemos perder as nossas conquistas. Sobretudo a mais importante delas, o respeito."

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