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Sobrevivente aspirou ar de freezer de boate no RS

Ingrid Goldani, que trabalhava na boate, adoeceu, porém, depois da tragédia


	Interior da boate Kiss, destruída pelo incêndio deixou 235 mortos e centenas de feridos na cidade de Santa Maria: Ingrid desenvolveu um quadro de penumonite tóxica após ter escapado com vida do local
 (Wilson Dias/ABr)

Interior da boate Kiss, destruída pelo incêndio deixou 235 mortos e centenas de feridos na cidade de Santa Maria: Ingrid desenvolveu um quadro de penumonite tóxica após ter escapado com vida do local (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2013 às 18h26.

Porto Alegre - Para não inalar a fumaça tóxica que tomou conta da boate Kiss, em Santa Maria (RS), durante o incêndio que vitimou 236 pessoas e deixou outra centena de feridos, a funcionária do bar da boate, Ingrid Preigschadt Goldani, de 21 anos, colocou a cabeça dentro do freezer. A ideia inusitada, realizada em meio ao tumulto do último domingo, salvou a vida dela, mas não evitou que ela adoecesse.

Após quase uma semana da tragédia, ela está internada em um quarto hospitalar em Porto Alegre e se comunica com os pais por meio de gestos, já que ficou com um tubo instalado na traqueia por dois dias para permitir a respiração. Estudante do 6º semestre de enfermagem na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a jovem trabalhava atrás do balcão do bar e só percebeu que o incêndio estava consumindo a espuma que revestia o teto, liberando gás tóxico, quando a confusão já era generalizada e a fumaça já havia se alastrado. Foi neste momento que ela recorreu ao freezer, para puxar o ar puro.

Por conhecer o local onde trabalha, ela sabia onde ficava a saída. Depois de encher os pulmões, colocar a camiseta sobre a boca e fechar os olhos, conforme relatou ao pai, a estudante pulou o balcão para ir em direção à porta, mas, no entanto, caiu e foi pisoteada por frequentadores da Kiss. Auxiliada por desconhecidos, a funcionária da Kiss, que estava no local há cerca de um mês e meio, foi levada para fora da boate. O irmão de Ingrid, Fábio, também estava na boate, mas, por estar perto da porta, conseguiu escapar sem qualquer ferimento.

No entanto, apesar de ter saído da boate, horas depois, quando já estava em casa, Ingrid começou a passar mal e foi levada para o hospital universitário da cidade onde foi constatado que estava com pneumonite tóxica. Por isso, foi encaminhada ao Centro de Tratamento Intensivo do Hospital Nossa Senhora da Conceição, na capital gaúcha, onde ficou internada. Segundo a assessoria de imprensa da casa de saúde, ela apresentou melhoras e foi transferida para um quarto, local onde se recupera. "Graças a Deus e ao rapaz que ajudou ela a sair daquele inferno. Meu eterno agradecimento a você", comentou a mãe da vítima Eliete Goldan em seu perfil no Facebook, já que ela não sabe quem foi salvador da filha.

Saúde

Durante inúmeras visitas ao Rio Grande do Sul, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alertou as pessoas que aspiraram fumaça no local da tragédia que elas podem apresentar sintomas como tosse intensa e falta de ar até quatro dias após a inalação, mesmo que se sintam totalmente bem logo após o incêndio. "Podem desenvolver uma doença chamada pneumonia tóxica. Por isso, é importante que todos que estavam na boate no momento do fogo busquem auxilio médico, mesmo que não sintam nenhum problema na sua saúde", explicou.

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