Sindicato ainda não cumpriu ordem de acabar com greve em Bangu
De acordo com a decisão, anunciada ontem, os agentes tem até 24 horas para cumprir a medida, sob pena de multa diária de R$ 100 mil
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 16h17.
Rio de Janeiro - A greve dos funcionários do sistema penal continua no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 19.
O Tribunal de Justiça do Rio determinou na noite da quarta-feira, 18, que a paralisação acabasse. De acordo com a decisão, os agentes tem até 24 horas para cumprir a medida, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. O pedido na Justiça foi feito pelo governo fluminense.
Apesar da greve, que cancelou as visitas de familiares dos presos, algumas pessoas insistiram nesta quinta em ir até o complexo para tentar entrar para ver seus parentes.
Foi o caso de Maria Nascimento, de 82 anos. Ela veio de Campo Grande para visitar o neto de 30 anos, preso por tráfico de drogas há cinco anos.
"Cada dia de visita é uma despedida nossa. Estou com câncer na bexiga e não posso perder nenhum dia com ele. Ele chora muito quando eu venho, fui eu quem o criou", disse a senhora, emocionada. "Eu sabia do cancelamento da visita, mas vai que eles deixam. Cada vinda minha aqui é um sacrifício."
Na decisão do TJ, o desembargador Luiz Fernando Ribeiro destacou a crise no sistema carcerário do País e alegou que a proibição da visitação dos presos pelos parentes "fere a dignidade e o exercício de direitos fundamentais daqueles que se encontram custodiados nas unidades da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária)".
O sindicato da categoria já avisou que vai recorrer da decisão.
Nesta quinta-feira, a Seap divulgou que um preso morreu na Cadeia Pública Pedro Melo da Silva, que fica no Complexo, no último dia 16. Diego Maradona Silva Souza foi encontrado já morto na cela. No comunicado, não é informado as causas da morte.
Souza estava preso junto com outros cinco detentos em uma cela separada dos demais internos da unidade, chamada "seguro" - dedicada a presos com risco de morte, como os acusados por estupro, por exemplo. Era o caso de Souza, preso em flagrante sob acusação de estupro de vulnerável.