Relógio do século XVII, criado por Balthazar Martinot para o rei Louis XIV foi devolvido ao Palácio do Planalto (AFP)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 9 de janeiro de 2025 às 16h45.
Última atualização em 9 de janeiro de 2025 às 17h33.
Escolha pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para comandar a Secretaria de Comunicação do governo, Sidônio Palmeira assume a pasta com a missão de pavimentar o caminho para que o petista chegue ao pleito eleitoral de 2026 com chances reais de reeleição.
Na reunião que teve com Lula na última terça-feira, 7, e com o ex-ministro Paulo Pimenta, Sidônio recebeu carta branca para fazer as trocas que achar adequadas na secretaria. Entre os nomes já escolhidos estão os de Tiago César, que será secretário-executivo da pasta, e Paulo Brito, que será secretário de Publicidade e Propaganda. Os nomes foram antecipados por O Globo e confirmados pela reportagem. Os dois, inclusive, estiveram na reunião com Lula na última terça, 7.
O primeiro desafio de Sidônio, além de afinar a comunicação dos ministros e do presidente, será o de aumentar os índices de popularidade de Lula, que estão abaixo da média dos dois primeiros governos. Lula deixou o Planalto em 1º de janeiro de 2011, com mais de 80% de aprovação e tem flertado aos longo dos dois últimos anos com índices que não chegam a 50%.
A escolha de Sidônio para o cargo, confidenciaram auxiliares de Lula, tem por finalidade garantir um freio de arrumação para que o petista melhore sua performance na comunicação com a sociedade e nas redes sociais, que passou a ter forte influência da direita.
Sidônio assume o posto, afirmaram auxiliares de Lula, com um presidente com um perfil diferente dos dois mandatos anteriores. O petista, que era conhecido por ser um grande agregador de políticos das mais diversas correntes, demonstra dificuldade para negociar com o Centrão, em grande parte pela mudança nas regras para distribuição de emendas parlamentares.
Além disso, avaliam pessoas próximas à gestão petista, o atual governo Lula não tem uma marca própria como foi o Bolsa Família nos primeiros mandatos. Em outra frente de batalha, as pontes com o agronegócio e com o mercado parecem ter sido implodidas e os esforços de reconstrução não têm sido exitosos. Por fim, o Brasil e o mundo mudaram desde que o petista governou o país, com um crescimento da direita e o surgimento de líderes como o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Auxiliares do petista afirmam que o chefe do Executivo não tende a ser candidato se a aprovação popular continuar estagnada. Uma eventual derrota seria uma mácula para o currículo vitorioso do político, confidenciaram técnicos do Palácio do Planalto.
Entretanto, essa decisão só deve ser tomada se as estratégias de Sidônio não forem exitosas. Para todos os efeitos, publicamente, Lula é o único candidato do partido e da coalização que o elegeu.
As primeiras sinalizações de Sidônio, segundo relatos de auxiliares de Lula, são de que o novo ministro defende que o presidente modere o discurso, evite confrontos com o mercado, busque uma marca para o terceiro mandato e colha os resultados dos bons indicadores econômicos.
Na prática, o recado é de que o governo precisa trabalhar unido, com entregas de obras, projetos e alcançar resultados em 2025 que terão potencial de cacifar Lula a disputar a reeleição em 2026.
Lula inclusive, já determinou ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, que intensifique o acompanhamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em todos os estados do Brasil. O plano de Lula é inaugurar o maior número de obras ao longo de 2025, como parte da estratégia para aumentar a popularidade e garantir a vitória nas eleições de 2026.