BNDES: um dos focos de apuração são as operações de financiamento do grupo J&F (Nacho Doce/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de agosto de 2017 às 21h50.
Brasília - O Senado instalou nesta quarta-feira, 2, a CPI do BNDES, aberta para investigar empréstimos do banco para internacionalização de empresas, desde 1997.
Um dos focos de apuração são as operações de financiamento do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, cuja delação levou à investigação do presidente Michel Temer e fragilizou o governo.
Depois de um acordo mediado pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), a presidência da comissão ficou com o senador Davi Acolumbre (DEM-AP), e a vice, com Sérgio Petecão (PSD-AC). Autor do pedido de abertura da CPI, o senador Roberto Rocha (PSB-MA) vai relatar.
Na próxima terça-feira, dia 8, a CPI fará uma reunião administrativa. O primeiro encontro para definição do plano de trabalho e recebimento de requerimentos ocorrerá no dia 15.
Segundo Roberto Rocha, a CPI deverá convocar os irmãos Joesley e Wesley Batista, delatores da JBS, além de integrantes do Ministério Público, como o procurador-geral Rodrigo Janot, e as últimas direções do BNDES, incluindo a atual.
"O Senado vai poder sinalizar para o mercado interno e o externo que o BNDES é uma instituição séria. O governo americano, onde estão os irmãos Batista, vai saber que o Senado está cumprindo o seu dever, buscando investigar o que foi feito aqui, um plano de fuga que alarmou todos os brasileiros. Eles estão morando nos Estados Unidos, mas naturalmente vão ter que vir aqui prestar esclarecimentos à sociedade brasileira", disse Rocha.
O senador afirmou que a CPI não será focada em apenas uma empresa, mas que gostaria de esclarecer a escolha de investimentos no exterior, em detrimento do Brasil. Ele citou construtoras flagradas em crimes na Operação Lava Jato, como OAS e Odebrecht, como alvos da CPI.
A CPI tem prazo de seis meses de trabalho, que pode ser prorrogado uma vez.