Senado convida Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, para seminário
A ida de Bannon para discutir "Ambientalismo e Geopolítica" atende a pedido do presidente de Eduardo Bolsonaro, candidato a embaixador nos EUA
João Pedro Caleiro
Publicado em 3 de outubro de 2019 às 16h05.
Última atualização em 3 de outubro de 2019 às 17h54.
Brasília - A Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado Federal promoverá em novembro o seminário Ambientalismo e Geopolítica. E um dos participantes do evento será Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca na administração de Donald Trump.
Bannon ocupou o cargo entre janeiro e agosto de 2017, depois de ter sido o coordenador de marketing da campanha eleitoral de Trump. Ele também foi membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
A ida de Bannon à CRE atende a um pedido de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e indicado pelo presidente Bolsonaro, seu pai, para a embaixada brasileira em Washington.
A proximidade de integrantes do governo com Bannon vem desde a campanha. Em 2018, ele se encontrou com Eduardo Bolsonaro três vezes nos EUA.
O senador Marcio Bittar (MDB-AC), que apresentou o requerimento para o seminário, explicou como foi o processo de convocação:
"Discutiremos as mudanças climáticas, as disputas comerciais globais e o jogo do poder internacional. Bannon irá a São Paulo no início de novembro, e o Eduardo Bolsonaro me sugeriu que ele viesse aqui na CRE. É uma pessoa que pode acrescentar muito às discussões sobre a atual geopolítica e questões ambientais, inclusive no debate com senadores que têm um ponto de vista diferente do dele", disse.
"Eu pessoalmente comungo em termos gerais com a visão política de Bannon e avalio que será uma boa contribuição visando ao aprofundamento do debate na sociedade e aqui no Senado", completou Bittar.
A data exata do seminário ainda será definida pelo presidente da CRE, senador Nelsinho Trad (PSD-MS).
Além de Bannon, participarão o economista norte-americano Patrick Wood, autor do livro Tecnocracia: o caminho difícil para a ordem mundial, e dom Bertrand de Orleans e Bragança, autor do livro Psicose Ambientalista. Esses dois convidados também atendem ao requerimento de Bittar.
Por sugestão de Esperidião Amin (PP-SC), também estão sendo chamados ao seminário o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado, senador Fabiano Contarato (Rede-ES).
Bannon foi uma das vozes a favor da decisão por parte do governo americano de deixar o Acordo de Paris, que estabelece metas voluntárias de corte da emissão de gases estufa, que contribuem para as mudanças climáticas.
Perfil
Bannon eradiretor do controverso portalBreitbart e foi parte do conselho da Cambridge Analytica, consultoria acusada de usar indevidamente dados de milhares de usuários do Facebook para interferir na eleição americana de 2016.
Deesde que foi forçado a sair da Casa Branca em 2017, Bannon perdeu parte do prestígio nos EUA e Trump chegou a dizer que o ex-assessor “perdeu a cabeça”.
No ano passado, se concentrou na Europa, onde se aproximou de lideranças de nacionalismo de direita na Itália e na Hungria.
O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, reuniu-se com Bannon no último dia 11 de setembro na Embaixada do Brasil em Washington.
A reunião não estava na agenda e um dos temas discutidos foi o discurso do presidente Jair Bolsonaro em Nova York na abertura da Assembleia-Geral da ONU.