Sem consenso, vaga no TCU deve ser disputada por senadores no voto
Kátia Abreu (PP-TO), Antonio Anastasia (PSD-MG) e Fernando Bezerra (MDB-PE) pleiteiam a vaga
Agência O Globo
Publicado em 14 de dezembro de 2021 às 06h07.
Última atualização em 14 de dezembro de 2021 às 08h54.
Com três senadores no páreo, a disputa pela próxima vaga no Tribunal de Contas da União ( TCU ) deve ser levada ao plenário nesta terça-feira para ser resolvida voto a voto. De acordo com pessoas próximas, os senadores Kátia Abreu (PP-TO), Antonio Anastasia (PSD-MG) e Fernando Bezerra (MDB-PE) estão dispostos a manter suas candidaturas até o fim.
A expectativa é que os postulantes ao cargo sejam inicialmente sabatinados na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), pela manhã. Mesmo se algum deles não for aprovado, no entanto, todos terão seus nomes encaminhados para a votação em plenário. A única chance de mudança ocorre por desistência, o que pode acontecer até a deliberação.
Partido de Bezerra, o MDB, que detém a maior bancada da Casa, está dividido entre apoiar o correligionário ou Kátia Abreu. Além de parte dos emedebistas, Kátia conta com a simpatia do PT e do PP, sua legenda. Já Antonio Anastasia possui promessa de voto de membros da segunda e terceira maiores bancadas da Casa, PSD e Podemos, respectivamente.
Kátia Abreu tem tornado a disputa pública, tanto em discursos no plenário como nas suas redes sociais. No último final de semana, ela destacou a falta de representatividade das mulheres na Corte.
"Em 128 anos desde a criação do TCU tivemos 100 ministros. Duas mulheres até hoje: 1 indicada pelo executivo, 1 indicada pela câmara e 0 pelo senado. Agora senado terá uma chance no dia 14/12", escreveu, ontem, no Twitter.
Um dia antes, Kátia disse, na mesma rede social, que é candidata à vaga de ministra do TCU pelo Senado Federal "com muita convicção e honra".
"Estou confiante na vitória e segura dos apoios firmes que tenho recebido dos meus colegas. Boatos de última hora não mudarão nosso foco. A mentira é a arma dos fracos", declarou.
Normalmente, a vaga ao TCU é definida por acordo, mas, neste caso, até a véspera da votação os senadores interessados em ocupar o cargo ainda mantém as articulações para tentar virar votos e se viabilizar.
No início do mês, Kátia fez uma provocação aos seus adversários no plenário do Senado. Na ocasião, ironizou o fato de eles terem supostamente distribuído comida como forma de agradar o "eleitorado" na Casa.
— Eu soube, há poucos dias, que um colega que disputa o TCU trouxe várias caixas de uvas para os eleitores e que outro trouxe várias latas de doce de leite de Mococa, de lá, da fabricação — ironizou Kátia, que segurava uma bandeja de doces nas mãos.
E emendou:
— Eu, infelizmente, não tinha trazido nada. Então, aqui há 47 docinhos, que são dos meus eleitores. Eu vou levar para cada um. Entendeu, senhor presidente? Eu sou objetiva e pragmática, como toda mulher. Então, eu vou entregar para todos. Vou começar com o meu eleitor número um, Anastasia, e com outro número um também, Fernando Bezerra.
De acordo com pessoas próximas, todos os anos Bezerra traz frutas de Petrolina para distribuir a autoridades, como forma de dar visibilidade para uma de suas bandeiras de mandato, que é o incentivo ao agronegócio. Em abril, entregou mangas, e no mês passado trouxe uvas, o que gerou a brincadeira de que seria por sua candidatura ao TCU.
— Eu recebi as uvas e não recebi o doce de leite — respondeu Pacheco, que apoia Anastasia nos bastidores.
— Eu agradeço os cumprimentos da senadora Kátia, mas, primeiro, não houve distribuição de doce de leite; segundo, senadora Kátia, não é Mococa, que é do Estado de São Paulo, é Viçosa, que é uma cidade. É Viçosa. Eu já até trouxe muitos — completou Anastasia.
Como mostrou a coluna de Malu Gaspar, Fernando Bezerra distribuiu na semana passada um dossiê aos colegas em que, além de uma carta pedindo votos, incluiu certidões negativas de antecedentes criminais e de "nada consta" do TCU e da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, dizendo que ele não tem dívidas com a União.
No texto aos parlamentares, Bezerra afirma que “cumpre os requisitos constitucionais para a investidura no cargo, conforme certidões anexas e documentação exigida que está sendo encaminhada à secretaria geral da Mesa”.
Dos nove ministros do TCU, três são indicados pelo Senado Federal, três pela Câmara e três pelo Executivo.