Secretária de Direitos Humanos renuncia após ação na cracolândia
Patrícia Bezerra, que era vereadora pelo PSDB, entregou o cargo por discordar das operações na cracolândia
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2017 às 12h35.
Última atualização em 26 de maio de 2017 às 11h33.
São Paulo - A gestão João Doria (PSDB) teve a sua segunda baixa após a secretária municipal dos Direitos Humanos e Cidadania, Patrícia Bezerra (PSDB), deixar o cargo nesta quarta-feira, 24.
A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da pasta e pelo marido de Patrícia, o deputado Carlos Bezerra Jr. (PSDB), que declarou no Twitter que a esposa deixou a função na Prefeitura de São Paulo "mantendo seus valores intactos".
Em reunião realizada nesta quarta-feira na sede da pasta, a secretária criticou a ação policial realizada na Cracolândia no domingo, 21.
"Não concordo com o que foi feito no domingo, não concordo com ação que foi feita no domingo, foi desastrosa a ação no domingo. Nós não temos como partilhar disso sendo quem somos, Secretaria de Direitos Humanos", afirmou.
"Na reunião que eu tive com vocês aqui (do movimento A Craco Resiste), eu disse assim: se for um dia para optar por um lado, governo ou minoria, nós temos o nosso lado já escolhido", disse em vídeo divulgado pelo A Craco Resiste.
Nas eleições de 2016, Patrícia foi reeleita para o cargo de vereadora, para o qual poderá voltar agora que deixou a pasta.
No vídeo, Patrícia manifesta receio sobre quem a substituirá no cargo. "Eu, saindo daqui, tenho muito receio de quem vai sentar com a mesma responsabilidade, com o mesmo ardor, com a mesma vocação que eu tenho por estar sentada hoje aqui.
Então, isso me preocupa sim, mas, se o meu pescoço estiver à prêmio por eu escolher um lado, está à prêmio, e eu não tenho nenhum problema com isso. Estou incomodada tanto quanto vocês: também acho injusto. Problema complexo não se resolve dessa maneira", argumentou.
Segunda baixa
No dia 17 de abril, a vereadora Soninha Francine (PPS) foi demitida do cargo de secretária municipal de Assistência Social, que hoje é ocupado por Filipe Sabará, antes secretário adjunto da pasta.
Em vídeo divulgado em sua página no Facebook, Doria afirmou que a pasta exigiria "demandas" que não estavam dentro de "espírito" de Soninha - que na gravação ao lado do prefeito aparecia visivelmente constrangida.
Em fevereiro, ela chegou a criticar outra ação da Polícia Militar na Cracolândia, que havia terminado em conflito com policiais, dependentes químicos e profissionais de imprensa feridos. Em seu perfil pessoal no Facebook, a vereadora dava as boas-vindas à Patrícia na Câmara de Vereadores.
"A secretária de Direitos Humanos participou aguerridamente da construção de um projeto consistente para as cenas de uso, começando pelo 'fluxo' e arredores.
Sacanagem que a SMDH tenha sido ocupada em protesto contra as ações (e a falta de ações...) na Cracolândia. Solidariedade, Patricia Bezerra!", escreveu Soninha na ocasião.
Ocupação
De acordo com a Secretaria dos Direitos Humanos, cerca de 50 integrantes de movimentos sociais, dentre eles o A Craco Resiste, ocupam o auditório da sede da pasta, localizado na Rua Libero Badaró, no centro da capital.
Todos os manifestantes acampados se registraram junto à secretaria após participarem de uma reunião do comitê de zeladoria urbana.
Eles reivindicam uma reunião com as secretarias dos Direitos Humanos e da Assistência Social, representada pelo secretário Filipe Sabará, além da divulgação do paradeiro de pessoas que teriam desaparecido depois da ação e o fim da "política higienista do Estado e da Cidade de São Paulo".
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