Se quiserem, me derrubem, diz Temer a jornal
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente negou que renunciará após acusações de seu envolvimento na compra do silêncio de Cunha
Clara Cerioni
Publicado em 22 de maio de 2017 às 06h49.
Última atualização em 22 de maio de 2017 às 09h00.
São Paulo - O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda-feira (22), que não existe a possibilidade de renúncia e que, se a oposição quiser tirá-lo, será preciso que o derrubem.
"Eu mantenho a serenidade, especialmente na medida em que eu disse: eu não vou renunciar. Se quiserem, me derrubem, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa", disse Temer.
Na publicação, o presidente se defende das acusações que vieram à tona na última quarta-feira (17), após divulgação da delação de Joesley Batista, executivo da JBS, sobre seu envolvimento com a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso na operação Lava Jato.
Em uma das perguntas feitas pela reportagem, o presidente tentou se explicar. Ele disse: "Não vou fazer isso, tanto mais que já contestei muito acentuadamente a gravação espetaculosa que foi feita. Tenho demonstrado com relativo sucesso que o que o empresário fez foi induzir uma conversa. Insistem sempre no ponto que avalizei um pagamento para o ex-deputado Eduardo Cunha, quando não querem tomar como resposta o que dei a uma frase dele em que ele dizia: "Olhe, tenho mantido boa relação com o Cunha".
[E eu disse]: "Mantenha isso". Além do quê, ontem mesmo o Eduardo Cunha lançou uma carta em que diz que jamais pediu [dinheiro] a ele [Joesley] e muito menos a mim. E até o contrário. Na verdade, ele me contestou algumas vezes. Como eu poderia comprar o silêncio, se naquele processo que ele sofre em Curitiba, fez 42 perguntas, 21 tentando me incriminar?"
Na entrevista, Temer ainda justifica sua relação com o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado correndo com uma mala de dinheiro. Segundo o presidente, os dois mantinham uma "relação institucional".