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Saúde boa e barata no Brasil? Só com foco na atenção primária

A atenção básica de saúde deveria resolver a demanda de 85% dos pacientes que chegam a ela, segundo especialistas ouvidos hoje no EXAME Fórum Saúde

André Lahoz, Lenir Santos e Renato Velloso Dias Cardoso, durante o EXAME Fórum Saúde em 12/09/17 (Germano Luders/Exame)

Talita Abrantes

Publicado em 12 de setembro de 2017 às 12h10.

Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h37.

São Paulo – O caminho para um sistema de saúde de qualidade e com preços justos no Brasil começa (e termina) com a oferta de bons serviços de atenção primária e de prevenção. “Precisamos evitar ao máximo a hospitalização”, afirmou Renato Velloso Dias Cardoso, sócio-investidor do Dr. Consulta, durante o EXAME Fórum Saúde , realizado na manhã de hoje em São Paulo.

A advogada Lenir Santos, uma das idealizadoras do SUS e coordenadora do Instituto de Direito Sanitário Aplicado, concorda. “Uma atenção básica de qualidade tem que resolver 85% das necessidades das pessoas que chegam a ela. Só 15% deve ser encaminhado para a atenção de maior custo”, disse.

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“Se a gente não investe na atenção primária e na secundária, vai apagar incêndio na terciária. Entramos em um redemoinho em que os recursos nunca chegam e começamos a enxugar gelo”, afirmou o sócio do Dr. Consulta.

Segundo dados apresentados por Velloso, 70% dos pacientes que chegam hoje a um pronto-socorro não precisariam necessariamente estar ali. Em um cenário de envelhecimento da população (a expectativa é de que até 2030, o número de brasileiros com mais de 60 anos triplique), a tendência é um agravamento desse quadro.

“Se continuarmos fazendo desse jeito, vamos gastar muito mais. Um paciente crônico, que tenha uma boa qualidade de vida, gasta todo o custo de saúde gerado ao longo da vida em seu último ano vivo. É nisso que temos que pensar”, afirmou Velloso.

Para os especialistas, o caminho para a racionalização do sistema de saúde no Brasil passa pela  padronização de protocolos a serem seguidos pelos profissionais do setor e pela incorporação de tecnologias, como o prontuário eletrônico. Nesse ponto, eles afirmaram, há uma convergência clara para como o setor privado pode auxiliar na gestão do público.

Mas Lenir pondera: nem toda inovação tecnológica de saúde traz ganhos reais para o setor. E até nisso, de acordo com ela, é preciso ter racionalização já que 85% das novas tecnologias para a área são desnecessárias. Por isso, segundo a especialista, antes de fazer parcerias com o setor privado, a administração pública precisa de um choque de gestão.

“Se não melhorarmos o público, não seremos competentes para fazer bons contratos, bom controle e boa regulação das parcerias com o setor privado”, afirmou.

Veja a seguir uma entrevista com Lenir Santos no evento:

Confira o vídeo completo do Exame Fórum Saúde:

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