Exame Logo

São Paulo deve pensar um futuro de seca e chuva extremas

Segundo especialista, a solução é adaptar a mobilidade urbana da cidade a essas condições

Estragos causados por fortes chuvas em São Paulo: segundo o IPCC, o clima vai ficar mais instável, com alternância cada vez mais frequente de extremos climáticos (Marcelo Camargo/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de março de 2014 às 08h49.

São Paulo - O relatório do IPCC (o painel de cientistas da Organização das Nações Unidas), que será divulgado no fim do mês, deve reforçar algumas noções dos impactos das mudanças climáticas no Brasil que os cientistas conhecem bem: o clima vai ficar mais instável, com alternância cada vez mais frequente de extremos climáticos - do muito quente para o muito frio; e do muito seco para o muito chuvoso. Cenários mais ou menos parecidos com os que estamos vendo atualmente nas Regiões Sudeste e Norte.

"O alerta é claro: temos de incorporar essa dimensão da variabilidade climática se quisermos evitar o colapso dos sistemas", afirma o climatologista Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo ele, a "incorporação" ou adaptação está intimamente ligada com a vida, o uso dos recursos, a infraestrutura local de cada país."A maioria dos países em desenvolvimento ainda é muito mal equipada para conviver com a variabilidade climática existente hoje. E imagine que, em cima dessa variabilidade, vamos ter as mudanças climáticas com mais extremos", explica.

"Temos o exemplo clássico da convivência com a seca no Nordeste. Adaptar a infraestrutura urbana de uma grande cidade para as mudanças climáticas passa necessariamente por resolver grandes questões que vão muito além das mudanças climáticas. Que é a forma como a cidade se desenvolveu, a política de transporte público versus o automóvel, por exemplo", completa.


Nobre afirma que falar em adaptar a mobilidade de São Paulo, para as chuvas mais intensas, não tem nada a ver com aquecimento global. Trata-se conforme ele de um problema da urbanização.

"Se a cidade já fosse mais funcional no aspecto de mobilidade urbana, seria muito mais fácil se adaptar ao aumento da temperatura e da intensidade das chuvas e de inundações", pondera.

Crise no abastecimento

Para Nobre, o setor de abastecimento de água é o que ainda está reagindo mais na emergência. Mas a dimensão do longo prazo das mudanças climáticas precisa ser rapidamente incorporada nas políticas públicas do uso do recurso hídrico.

"Só responder na emergência não elimina todos os prejuízos econômicos, sociais e ambientais nem evita colapsos no longo prazo. E não estou dizendo que essa seca atual é uma decorrência das mudanças climáticas. Mas que, no futuro, a variabilidade climática, que é prevista por todos os cenários climáticos, tem de ser levada em consideração. O sistema tem de estar preparado para isso", adverte o cientista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Veja também

São Paulo - O relatório do IPCC (o painel de cientistas da Organização das Nações Unidas), que será divulgado no fim do mês, deve reforçar algumas noções dos impactos das mudanças climáticas no Brasil que os cientistas conhecem bem: o clima vai ficar mais instável, com alternância cada vez mais frequente de extremos climáticos - do muito quente para o muito frio; e do muito seco para o muito chuvoso. Cenários mais ou menos parecidos com os que estamos vendo atualmente nas Regiões Sudeste e Norte.

"O alerta é claro: temos de incorporar essa dimensão da variabilidade climática se quisermos evitar o colapso dos sistemas", afirma o climatologista Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo ele, a "incorporação" ou adaptação está intimamente ligada com a vida, o uso dos recursos, a infraestrutura local de cada país."A maioria dos países em desenvolvimento ainda é muito mal equipada para conviver com a variabilidade climática existente hoje. E imagine que, em cima dessa variabilidade, vamos ter as mudanças climáticas com mais extremos", explica.

"Temos o exemplo clássico da convivência com a seca no Nordeste. Adaptar a infraestrutura urbana de uma grande cidade para as mudanças climáticas passa necessariamente por resolver grandes questões que vão muito além das mudanças climáticas. Que é a forma como a cidade se desenvolveu, a política de transporte público versus o automóvel, por exemplo", completa.


Nobre afirma que falar em adaptar a mobilidade de São Paulo, para as chuvas mais intensas, não tem nada a ver com aquecimento global. Trata-se conforme ele de um problema da urbanização.

"Se a cidade já fosse mais funcional no aspecto de mobilidade urbana, seria muito mais fácil se adaptar ao aumento da temperatura e da intensidade das chuvas e de inundações", pondera.

Crise no abastecimento

Para Nobre, o setor de abastecimento de água é o que ainda está reagindo mais na emergência. Mas a dimensão do longo prazo das mudanças climáticas precisa ser rapidamente incorporada nas políticas públicas do uso do recurso hídrico.

"Só responder na emergência não elimina todos os prejuízos econômicos, sociais e ambientais nem evita colapsos no longo prazo. E não estou dizendo que essa seca atual é uma decorrência das mudanças climáticas. Mas que, no futuro, a variabilidade climática, que é prevista por todos os cenários climáticos, tem de ser levada em consideração. O sistema tem de estar preparado para isso", adverte o cientista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:ClimaONU

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame