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Saneamento condominial facilita ligação de casas à rede de esgoto

O chamado saneamento condominial é considerado mais barato e mais simples de implantar do que o método convencional

Ipojuca: o método está sendo implantado em Pernambuco (Danilo Luiz/SECOMIpojuca/Divulgação)

Ipojuca: o método está sendo implantado em Pernambuco (Danilo Luiz/SECOMIpojuca/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 8 de abril de 2017 às 11h04.

Um método simplificado de ligação de casas à rede de esgoto está ampliando o acesso da população de municípios de Pernambuco ao saneamento básico e despoluindo rios nas proximidades. O chamado saneamento condominial é considerado mais barato e mais simples de implantar do que o método convencional.

Um milhão de moradores da Bacia do Rio Ipojuca serão beneficiadas por esse método inovador, que está em implantação em 25 cidades. Em Tacaimbó, por exemplo, o saneamento condominial está em fase de pré-operação. Localizada a 170 quilômetros de Recife, a cidade tem 8 mil habitantes e é considerada a mais pobre da região.

Segundo o gerente do Projeto de Saneamento Ambiental de Ipojuca (PSA Ipojuca), Sérgio Murilo Guimarães, 2,4 mil casas estão ligadas ao sistema de tratamento, o que gerou impactos positivos praticamente imediatos.

"O esgoto foi retirado da calha do Rio Ipojuca. Por conta de o rio estar seco, somente havia esgoto lá. Quando as casas foram conectadas à estação de tratamento, acabou o mau cheiro e os criadouros de muriçocas e de ratos e houve um ganho ambiental, pois o rio passa a ser despoluído. [Há] também um ganho na saúde," diz Guimarães.

O PSA Ipojuca é feito pela Companhia Pernambucana de Saneamento Ambiental (Compesa) com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Técnicos da companhia fizeram capacitação durante esta semana para conhecer mais sobre a metodologia.

Criação brasileira

O saneamento condominial foi criado por um brasileiro: o engenheiro civil pernambucano José Carlos Rodrigues de Melo. A metodologia foi exportada para vários países, como Paraguai e Peru, e continua em expansão no Brasil e no exterior. O curso foi ministrado pelo consórcio Condominium/Diagonal, da qual José Carlos faz parte.

Segundo Guimarães, a diferença entre esse método e o convencional é que é possível usar tubulações mais finas, instaladas pela calçada das casas e em pouca profundidade. No caso das cidades da Bacia do Rio Ipojuca, o saneamento condominial é também adequado devido às características do solo, formado por rocha rasa.

"É uma experiência inovadora trabalhar no universo das bacias hidrográficas. Antes, o saneamento ambiental era tratado das cidades maiores para as cidades menores, e isso não nos permitia ver a melhora nas bacias dos rios", diz Guimarães.

Estima-se que o uso da metodologia condominial reduz os custos em 40%, se comparado com a forma convencional, que requer tubulações maiores e instaladas em valas profundas. O financiamento dos projetos envolve também a ligação das casas à rede externa. No convencional, cada residência se responsabiliza por essa ligação.

Segundo Guimarães, há situações de famílias que não têm condições financeiras de custear o investimento e outras que negligenciam a obra e continuam com ligações clandestinas.

Para o gerente do PSA Ipojuca, o saneamento condominial é um caminho para a universalização da rede de esgoto. Em Pernambuco, a meta do governo do estado é que isso aconteça em 20 anos. Atualmente, o estado tem cobertura de rede de esgoto em 30% dos municípios.

"O Nordeste vive uma boa experiência na implantação de sistemas de esgoto a partir de recursos do governo federal e de organismos internacionais, aliado a obras de infraestrutura hídrica, como a transposição do Rio São Francisco e técnicas de reúso e redução de perdas", diz Guimarães.

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